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Shopping, reeleição, isenção a igrejas: saiba o que deputados e senadores decidiram

Ato com 200 sacos que representam dinheiro cobra reforma política, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília - Givaldo Barbosa/Agência O Globo
Ato com 200 sacos que representam dinheiro cobra reforma política, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília Imagem: Givaldo Barbosa/Agência O Globo

Do UOL, em São Paulo

29/05/2015 06h00

Os últimos dias foram bastante agitados em Brasília. Desde a última terça-feira (26) a Câmara dos Deputados tem aprovado ou rejeitado diversas PECs (propostas de emendas constitucionais) ligadas ao tema da reforma política, que há anos é alardeada no Congresso Nacional. Já o Senado aprovou na quinta-feira (28), as três MPs (medidas provisórias) relacionadas ao ajuste fiscal do governo.

Os deputados federais já decidiram sobre temas como o sistema eleitoral "distritão", financiamento público e privado de campanhas eleitorais, cláusula de barreira e voto em lista fechada. Todas as decisões da Câmara ainda precisam passar pela aprovação do Senado.

A condução da reforma política feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vem sendo criticada por diversas entidades da sociedade civil. O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcos Vinicíus Coelho, classificou a reforma como um “retrocesso”. O juiz Márlon Reis, idealizador da Lei da Ficha Limpa, também posicionou-se contra. “Ninguém havia ousado propor algo tão nocivo para a democracia brasileira”, disse.

Já os senadores aprovaram as MPs 664, 665 e 668. Esta última foi criticada por parlamentares da oposição por conta da inclusão de emendas "jabutis", jargão usado para designar alguns temas estranhos à proposta que originalmente tratava do aumento de impostos sobre produtos importados.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer adotar um novo modelo de tramitação das medidas provisórias no Senado para evitar os temas "jabutis" incluídos nas propostas.

Confira abaixo as diversas mudanças aprovadas e rejeitadas pelo Legislativo nos últimos dias.

Reforma política

26.mai.2015 - Parlamentares comemoram a rejeição do voto distrital durante votação da reforma política na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (26), em Brasília (DF). A proposta do "distritão" recebeu 267 votos contra, 210 votos a favor e duas abstenções. Neste sistema, Estados e o Distrito Federal são transformados em "distritos eleitorais" e os candidatos eleitos são aqueles que conseguem o maior número de votos em cada distrito - Ed Ferreira/Folhapress - Ed Ferreira/Folhapress
Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

Mudanças no sistema eleitoral

Rejeitados:

- O voto distrital misto, modelo, em que o eleitor votaria duas vezes: uma para os candidatos do distrito eleitoral e outra para uma lista elaborada pelos partidos;
- O voto em lista fechada, em que os votos eram direcionados aos partidos que definiam os candidatos eleitos com base em uma lista pré-ordenada;
- O "distritão", proposta favorita de Eduardo Cunha, em que os Estados e o Distrito Federal são transformados em "distritos eleitorais" e os candidatos eleitos são aqueles que forem os mais votados em cada distrito.

27.mai.2015 - Deputados continuam a votação sobre itens da reforma política nesta quarta-feira (27), entre os temas discutidos está o financiamento público de campanha - Ed Ferreira/Folhapress - Ed Ferreira/Folhapress
Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

Financiamento de campanha eleitoral

Rejeitados:

- O financiamento da campanha por pessoas físicas e empresas para partidos e candidatos;
- O financiamento de campanha 100% público, no qual partidos e candidatos só poderiam fazer campanha com dinheiro repassado pelo governo.

Aprovado

- O financiamento de empresas privadas apenas para partidos políticos, excluindo candidatos.

26.mai.2015 - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (centro) coordena a reunião com líderes para tratar da votação da reforma política nesta terça-feira (26). À sua esquerda está o ex-presidente da Comisão Especial da Reforma Politica, Rodrigo Maia - Ed Ferreira/Folhapress - Ed Ferreira/Folhapress
Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

Fim da reeleição

Aprovado:

- O fim da reeleição para mandatos executivos - presidente da República, governadores e prefeitos.

28.mai.2015 - A Câmara dos Deputados, em acordo entre os líderes partidários, decidiu adiar a votação do aumento do tempo dos mandatos dos atuais quatro para cinco anos e da coincidência das eleições, prevista para ocorrer na tarde desta quinta-feira (28). No centro, o presidente da Casa, o deputador Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - J.Batista/Câmara dos Deputados - J.Batista/Câmara dos Deputados
Imagem: J.Batista/Câmara dos Deputados

Cláusula de barreira

Aprovada

- A emenda que define que apenas partidos que conseguirem eleger ao menos um parlamentar, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, terão acesso ao fundo partidário e a tempo gratuito em rede de rádio e TV. Atualmente, os partidos legalmente constituídos não precisam ter parlamentares eleitos para obterem os recursos.

Ajuste fiscal

26.mai.2015 - A senadora Marta Suplicy (sem partido-SP) disse que o PT traiu sua "essência" e "criação" ao propor as medidas provisórias para o ajuste fiscal em sessão do Senado nesta terça-feira (26). A senadora também criticou a ação movida pelo partido no TSE (Tribunal Supeior Eleitoral) para retirar seu mandato - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

MP 665/2015

Aprovados:

Abono salarial: Só terão direito ao abono no valor de um salário mínimo quem tiver trabalhado pelo menos três meses no ano anterior. Quem trabalhar menos terá direito a um valor proporcional. Atualmente, a lei exige 30 dias de trabalho para o recebimento ao benefício integral;
- Seguro-desemprego: O primeiro acesso ao seguro passa a ser a partir de 12 meses de trabalho nos 18 meses anteriores à demissão. Atualmente, era liberado a partir de seis meses consecutivos de trabalho.
Seguro-defeso: A nova lei proíbe pagamento do seguro simultaneamente ao pagamento do Bolsa-Família. Antes, proibia a acumulação do seguro com outros benefícios.

26.mai.2015 - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros, durante votação das medidas provisões do ajuste fiscal, no plenário do Senado, em Brasília, nesta terça-feira (26) - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

MP 664/2015

Aprovados:

Pensão por morte: prevê regras mais duras para a concessão de pensão, determinando que o direito só seja concedido ao cônjuge que comprove, no mínimo, dois anos de casamento ou união estável. Atualmente, não há exigência de período mínimo de relacionamento;
- Exceções da pensão por morte: no caso do cônjuge considerado inválido para o trabalho ou com deficiência, o texto aprovado permite o recebimento da pensão enquanto durar essa condição;
- Alternativa ao fator previdenciário: Estabelece que o trabalhador receberá seus proventos integrais pela regra do 85/95. No cálculo da aposentadoria, a soma da idade com o tempo de contribuição deve resultar em 85 para a mulher e 95 para o homem;
Perícia médica: Segundo o texto aprovado, a perícia médica para a concessão dos benefícios da Previdência não será mais exclusiva dos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Mantida:

Auxílio-doença: As empresas continuam pagando os primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador e o governo federal paga pelo período restante. A proposta original da MP era que a responsabilidade pelo pagamento dos primeiros 30 dias do benefício fosse do empregador.

27.mai.2015 - Integrantes da Força Sindical carregam cartazes de "Fora Dilma" em sessão do Senado. A Casa nesta quarta-feira (27) aprovou mudanças no fator previdenciário e dificulta o acesso à pensão por morte - Ed Ferreira/Folhapress - Ed Ferreira/Folhapress
Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

MP 668/2015

Aprovados:

Mais taxas na importação: eleva alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) na importação de bens;
- PPP do "parlashopping": autoriza Câmara e Senado a fecharem parcerias público-privadas (PPPs) na realização de obras públicas. Uma delas já foi sugerida: a construção de um tipo de shopping center estimado em aproximadamente R$ 1 bilhão, para abrigar lojas e escritórios;
- Igrejas: isenta igrejas de pagarem INSS sobre valores repassados a pastores a título de exercício da atividade religiosa;
- Recuperação judicial: aumenta de 84 para 120 meses o prazo para empresas em processo de recuperação judicial parcelarem suas dívidas com a Fazenda Nacional. O objetivo é dar condições mais favoráveis de retorno à atividade econômica às empresas em recuperação judicial;
- Leite: altera a forma de aproveitamento de créditos presumidos do PIS e da Cofins de empresas ou cooperativas que comprem ou recebem leite in natura de produtor pessoa física ou de cooperativas;
- Bancos: permite aos bancos que passaram por intervenção liquidação extrajudicial a compensação de prejuízos fiscais com o lucro futuro sem o limite atual de 30%, imposto pela Lei 9.065/95;
- Subvenção a exportadores: a União poderá conceder subvenção de juros aos exportadores de produtos manufaturados até o limite de R$ 400 milhões em 2015;
- Semiárido: Lista municípios de Alagoas, Ceará e Paraíba que devem obrigatoriamente fazer parte do semiárido para efeitos de aplicação de recursos do Fundo Constitucional do Nordeste;
- Dívidas com a União: Permite aos contribuintes usarem valores de depósito judicial para o pagamento de “pedágio” exigido em parcelamento de dívidas com a União. O pedágio é um valor antecipado pago pelo contribuinte devedor e que pode variar de 5% a 20% da dívida a ser parcelada. Com a MP, se houver valor depositado em juízo, o contribuinte poderá usar para quitar o pedágio;
- Terracap: A Companhia Imobiliária do Distrito Federal (Terracap) contará com novas situações de isenção de tributos da União;
- Sistema S: Permite que entidades do Sistema S possam ser cessionárias de servidor público. Ou seja, poderão ter seus cargos de direção preenchidos por servidores públicos federais, sem que ocorra aumento de gastos da União. A remuneração do servidor será feita pela entidade cessionária.

(Com informações da Agência Senado)