Família é presa suspeita de golpe em viúva do colecionador Jean Boghici
Uma família foi presa no Rio de Janeiro acusada de um golpe de R$ 724 milhões na viúva do colecionador de arte Jean Boghici, um dos mais importantes no Brasil.
O que aconteceu
A filha da viúva, Sabine Boghici, e uma mãe de santo, Rosa Stanesco Nicolau, foram as principais articuladoras do crime, segundo a polícia. Quatro membros da família de Rosa também foram condenados: Gabriel Nicolau Hafliger, Diana Stanesco Vuletic, Jacqueline Stanesco e Slavko Vuletic. A condenação foi divulgado pelo Tribunal de Justiça nesta quinta-feira (10).
Dois condenados foram presos ontem e um segue foragido, informou a Polícia Civil. Eles cumprirão pena em regime fechado, com exceção de Slavko, que ficará em regime semiaberto. Rosa já cumpria prisão preventiva com uma pena de mais de 45 anos. Sabine, condenada pelo golpe contra a própria mãe, morreu ao cair de um prédio no ano passado.
Os bens móveis e imóveis dos condenados foram confiscados e bloqueados. Segundo o Tribunal de Justiça, a decisão é para reparar os danos causados à viúva, que não recuperou R$ 421 milhões do dinheiro roubado.
Relembre o caso
Sabine teria elaborado todo o plano em 2020. O primeiro passo foi contratar uma suposta vidente para abordar a mãe no meio da rua e alertá-la sobre uma morte iminente na família — no caso, a da própria filha.
A vidente levou a viúva Geneviève Boghici a outras duas comparsas. Uma cartomante e uma mãe de santo teriam ''confirmado'' a previsão da vidente e sugeriram que ela pagasse por "um trabalho" para salvar a filha. A mulher realizou pagamentos de R$ 5 milhões.
A mãe de Sabine começou a perceber que a filha tinha relação com as supostas videntes. Ela parou de fazer os repasses. Sabine, então, começou a isolar Geneviève dentro de casa, agredi-la e ameaçá-la.
16 quadros de arte do colecionador foram subtraídos. A quadrilha conseguiu mais de R$ 700 milhões apenas com as artes. Eles também tomaram as joias da idosa.
Quem é a família dona de acervo de obras
Jean Boghici morreu em 2015, aos 87 anos. O artista plástico romeno, que colecionava obras desde os anos 1960, foi dono da galeria Relevo, na capital carioca, e reuniu um dos acervos mais importantes de arte brasileira. Ele deixou um patrimônio artístico avaliado em mais de R$ 700 milhões para a companheira.
Jean Boghici se mudou para o Brasil em 1948 para escapar das consequências da Segunda Guerra Mundial na Romênia. Chegou em um navio francês ao Rio de Janeiro, onde passou os primeiros meses trabalhando no conserto de rádios e dormindo na areia da praia.
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