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Aos gritos de "fora Cunha", plenária do PT mantém aliança com o PMDB

13/06/2015 14h21

A plenária do 5º Congresso do PT em Salvador rejeitou neste sábado (13) a proposta de romper a aliança com o PMDB e rever o modelo de governo de coalizão. O PMDB, principal aliado e no comando da articulação política, foi chamado de "sabotador", e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de "oportunista de ocasião".

Os defensores da aliança admitiram que em 2018 será preciso "repoliticar" esse modelo, mas que ele é necessário neste momento para acumular forças a fim de reeleger Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República.

"Não tenho ilusão com nossos partidos aliados, até porque em 2018 vamos ter que repoliticar essa aliança", disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). "Mas o que vai garantir as mudanças empreendidas pela (presidente) Dilma é se estivermos juntos, o momento agora é pra acumular forças para em 2018 elegermos Lula presidente do Brasil", reforçou.

Um coro de cerca de 700 delegados gritava "fora, Cunha", em alusão ao presidente da Câmara, que foi chamado de "oportunista de ocasião". Quem defendia o PMDB era vaiado. A emenda rejeitada, formulada por correntes de esquerda do PT, diz que esgotou o modelo do presidencialismo de coalizão e a política de alianças implantada em 2002.

"A crise política tem levado a dar espaço e poder ao principal aliado, o PMDB, muitas vezes sabotador do governo, que opera pela contrarreforma política, pela revisão do regime de partilha do pré-sal e pela terceirização do trabalho, com redução de direitos sociais", diz o texto rechaçado.

Guimarães acrescentou que romper neste momento com os aliados seria levar o governo da presidente Dilma Rousseff ao isolamento no Congresso Nacional e à "oposição sectária". "Não estamos aqui defendendo o (Eduardo) Cunha, o que estamos defendendo é a governabilidade social para evitar o isolamento da presidente Dilma", disse, observando que mata "um leão por dia" para aprovar as matérias do governo no Congresso.

O deputado Carlos Zarattini (SP), da bancada governista, referiu-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como um "oportunista de ocasião", ressalvando que ele não representa o PMDB, um partido com muitos democratas entre seus quadros.

"Tivemos uma política de 12 anos vitoriosa, não é porque agora um oportunista de ocasião, como surgiram muitos na história, conseguiu se alçar à presidência da Câmara, que vamos mudar a politica (de alianças) por conta dessa pessoa", argumentou.

Segundo o deputado paulista, romper a aliança com o PMDB significaria "retroagir a uma frente de esquerda" e, assim, "restringir a política de alianças e inviabilizar os avanços necessários ao país. Ele ressaltou os "democratas que estão no PMDB" para rejeitar a proposta de emenda constitucional (PEC) que reduz a maioridade penal para 16 anos, que a Câmara analisa neste mês.