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Cardozo afirma que Estado 'gasta mal' a verba da segurança pública

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

31/07/2015 16h56

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, encerrou nesta sexta-feira (31) o Fórum de Segurança Pública, no Rio de Janeiro, com críticas à gestão da segurança pública no país. Em tom de mea culpa, Cardozo afirmou que, apesar dos esforços, a criminalidade continua subindo. "É fato que os números da segurança pública no Brasil não são bons. Não são bons hoje e não foram bons ontem", disse.

Para ele, há falhas de gerenciamento que atingem os três níveis de governo: federal, estadual e municipal. "É claro que precisamos de mais dinheiro em segurança pública, mas eu ouso dizer que nós gastamos mal em segurança pública. É necessário ter informação, análise e gestão. Sem gestão, nós não passamos do plano das boas ideias para o plano da efetivação do que deve ser feito", afirmou.

Na visão do ministro, existe uma carência de projetos que investiguem a fundo as raízes da criminalidade no país. "Como eu combato o crime se eu não consigo estudar in loco causas específicas e gerais da criminalidade? É no chute? É no empirismo? Como posso alocar recursos sem saber as causas que esses recursos devem atingir?"

Cardozo não entrou em detalhes quanto a responsabilidades individuais, mas fez uma provocação em relação aos Estados. "O que acaba acontecendo é que muitos acham que o governo federal tem que ter um papel semelhante ao de um banco: empréstimo e repasse de recursos. Então, o governo repassa lá, compra-se um helicóptero, toca-se a fanfarra, o bumbo... 'Olha, compramos um helicóptero!'. Mas não tem piloto. Não tem ligação entre o helicóptero e a ação policial."

"Repassamos recursos para os Estados, mas o governador tira o recurso da segurança pública, coloca em outro campo e não se agrega nada. E, quando se agrega, não tem gestão. Não tem planejamento. Não tem intervenção", completou.

Na quinta-feira (30), André Fagundes, coordenador-geral de Inteligência da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), órgão do Ministério da Justiça, afirmou que a execução orçamentária da pasta é prejudicada pela falta de bons projetos. A pasta tem um orçamento de R$ 400 milhões para gastar, mas falta iniciativa por parte de Estados e municípios.

Em seu discurso, Cardozo também apontou a carência de integração política como uma falha a ser corrigida pelas instâncias de poder. "Não há possibilidade de ter atores isolados no plano da segurança pública. Muitas vezes, questões corporativas ou questões políticas nos afastam dessa possibilidade. Ou se enfrenta a segurança pública como uma questão de Estado, onde todos os agentes estão juntos dentro do mesmo planejamento, ou não se chega a resultado algum", finalizou.