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Dilma diz que nunca atrapalhou investigação e exalta "veredito das urnas"

Do UOL, no Rio

17/09/2015 12h08Atualizada em 17/09/2015 14h29

A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta quinta-feira (17) que o governo nunca utilizou o poder constituído para "bloquear" ou "obstaculizar" investigações de corrupção e de atos ilícitos. Em discurso realizado na cerimônia de recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em Brasília, Dilma disse ainda que a sociedade quer um país em que políticos "aceitem o veredito das urnas".

"Poucos governos da nossa história se dedicaram de maneira tão enérgica e metódica a construção de um ambiente político legal e institucional propício ao combate da corrupção. Nunca utilizamos o poder governamental, direta ou indiretamente, para bloquear ou obstaculizar investigações que, nos termos da nossa legislação, devem ser realizadas com firmeza e todas as garantias pelas autoridades competentes", declarou.

A petista também fez, pelo segundo dia seguido, críticas indiretas a movimentos políticos que apoiam a possibilidade de impeachment. "Queremos um país em que os políticos pleiteiem o poder por meio do voto e aceitem o veredito das urnas. Em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos. Em que os juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias."

Na quarta (16), a presidente já havia se posicionado de forma contundente sobre a mobilização oposicionista"Qualquer forma de encurtar o caminho da rotatividade democrática é golpe, sim. É golpe. Principalmente quando esse caminho é feito só de atalhos", declarou ela em solenidade na cidade de Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

Também na quarta, em entrevista à rádio Comercial AM, de Presidente Prudente, ela disse que "é fundamental ter muita calma nessa hora" e que o momento do país pede união, independente de preferências pessoais ou partidárias. "Esse método de usar a crise como mecanismo para chegar ao poder é uma versão moderna do golpe", declarou à rádio.

Em discurso, Dilma lembrou do dinheiro recuperado ao longo da Operação Lava Jato e outras ações correlatas. Em 17 meses, o poder público resgatou R$ 1,8 bilhão, montante que supera em 50 vezes os valores que o Brasil trouxe de volta do exterior, por meio de ações judiciais, em dez anos.

Pela primeira vez, assistimos a recuperação pelo Estado de vultosos recursos desviados por agentes públicos ou privados responsáveis por atos de corrupção. (...) Nunca se combateu a corrupção tão severamente.

Antes de Dilma falar, Rodrigo Janot fez um discurso emocionado, agradecendo o apoio de procuradores e de sua família para permanecer na chefia do Ministério Público por mais dois anos.

"A força e apoio incondicional de todos vocês me estimulam a perseverar nos deveres que a Constituição e as leis nos impõem", disse.

 

Janot por mais 2 anos

A recondução de Janot foi aprovada em sabatina no Senado, apesar das críticas de congressistas em relação aos rumos da operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. Ele continuará à frente da Procuradoria Geral da República por mais dois anos. No plenário da Casa, 59 senadores votaram a favor da recondução, 12 foram contrários e um se absteve.

Antes disso, o procurador-geral já havia sido aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por 26 votos a favor e um contra, depois de passar por sabatina de mais de dez horas. Essa foi a segunda maior sabatina da história do Senado. A maior foi a que aprovou a indicação de Luiz Edson Fachin como ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio deste ano, que durou mais de 12 horas.

A sabatina de foi marcada por um clima de tranquilidade, quebrada apenas pela participação do senador Fernando Collor (PTB-AL), desafeto de Janot. Ao longo da sabatina, o principal tema foi a operação Lava Jato.

No evento, Janot negou a existência de um "acordão" com o governo para proteger políticos suspeitos de envolvimento no esquema da Lava Jato. Entre os supostos protegidos estaria o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por seu possível envolvimento na Lava Jato. "Eu nego veementemente a possibilidade de qualquer acordo que possa interferir nas investigações", afirmou Janot.