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'Lula foi absorvido pela cultura do toma lá, dá cá', diz FHC

CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE FHC AO SBT BRASIL

SBT Online

Do UOL, em São Paulo

01/10/2015 22h04

Lula foi absorvido pelo sistema político e mergulhou na cultura brasileira do "toma lá, dá cá". A afirmação é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar exibida nesta quinta-feira (1º) no telejornal "SBT Brasil". FHC também comentou que a manutenção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no cargo ficará muito difícil caso haja comprovação de que tenha recebido dinheiro de corrupção e se torne réu na Operação Lava Jato.

A Justiça da Suíça informou nesta quinta-feira (1º) que identificou em bancos do país contas bancárias com o nome do deputado federal e de alguns de seus parentes. O total depositado nestas contas poderia chegar a US$ 5 milhões.

Sobre o aumento da influência de Lula sobre o governo, FHC disse: "Eu acho que é uma influência em queda por causa das críticas constantes a ele. No entanto, Lula tem a tendência a fazer sempre acordos. Uma das coisas que mais me choca na trajetória do Lula é que ele foi absorvido pela cultura tradicional brasileira. Então, para ele, o 'dá lá, toma cá' é uma regra. E isso eu acho perigoso".

Dilma

FHC classificou a nova reforma ministerial como uma tentativa de "ganhar uma sobrevida" para o governo de Dilma Rousseff. No entanto, reiterou que não fazia troca de ministros de pastas importantes a toda hora. Para ele, o impeachment da presidente só poderia acontecer se houver algo de concreto. "Tem gente argumentando que houve uma agressão à Lei de Responsabilidade Fiscal em vários aspectos", afirmou o tucano.

Para o ex-presidente, "ninguém pode governar sem ter apoio político", mesmo no sistema presidencialista do Brasil. "Quando o presidente não conduz, isso leva à paralisia, porque a agenda no Brasil -- nos regimes presidencialistas-- é do Executivo.

"O problema é que a Dilma não tem agenda. O Congresso inverteu. Há um impasse imenso porque o presidente da Câmara quer uma coisa, o do Senado quer outra. O governo perdeu a agenda", afirmou..

Manutenção de Eduardo Cunha

O ex-presidente também afirmou que as denúncias de corrupção fragilizam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. "Não vejo como ele sair do cargo agora porque as denúncias estão sendo investigadas. Temos de ter cautela. Se houver a comprovação dos atos ilícitos, então não há como ele permanecer no cargo."

Desde abril, o escritório do Procurador-Geral da Suíça apura informações enviadas por um banco do país no qual foram realizados os depósitos em nome de Cunha e de parentes do deputado. A Procuradoria Geral da República não confirma os valores bloqueados pela Justiça suíça.

Cunha já é alvo de uma denúncia da Procuradoria Geral da República ao STF por envolvimento na Lava Jato. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, com base em suposto recebimento de propina no valor de US$ 5 milhões proveniente de contrato de aluguel de navio-sonda pela Petrobras.