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Sou independente, diz escolhido para relatar processo de Cunha na Câmara

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

05/11/2015 12h45Atualizada em 05/11/2015 16h41

Escolhido como relator do processo no Conselho de Ética contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) disse que não se considera um aliado de Cunha e prometeu agir com independência.

“Eu não me considero aliado [de Cunha]. Sou um cara independente”, disse. “É meu primeiro mandato, acho que isso inclusive pesa a favor de mim. Quem tem muito mandato, tem muita relação”, afirmou o deputado em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira (5) após ele ser anunciado como relator.

O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), afirmou que o líder do PRB na Câmara, Celso Russomanno (SP), garantiu a ele que o partido não vai interferir no trabalho do relator.

"A partir de agora, toda e qualquer decisão é de minha responsabilidade", afirmou Pinato, que disse não acreditar que vá ser pressionado durante o processo. “A maior pressão que eu sinto hoje é de vocês [da imprensa]”, disse.

Segundo Araújo, a experiência de Pinato como advogado contou positivamente para a escolha.

"O presidente Eduardo Cunha vai ser julgado como um deputado comum, não como presidente da Câmara", afirmou Pinato. "A partir deste momento, eu me torno um juiz e, como juiz, tenho que ter imparcialidade e julgar conforme as provas dos autos", disse.

Pinato é o deputado eleito por São Paulo que recebeu menos votos (22.097). Ele obteve a vaga por causa da votação expressiva de Celso Russomanno (PRB-SP), que recebeu 1,5 milhão de votos.

Apesar das promessas de isenção, o PRB é um dos partidos que dá sustentação política a Cunha na Câmara dos Deputados.

Os outros dois deputados sorteados como possíveis relatores eram Zé Geraldo (PT-PA) e Vinícius Gurgel (PR-AP). A escolha do relator é feita pelo presidente, com base na lista tríplice de sorteados em reunião do conselho.

Araújo já marcou para o próximo dia 24 a apresentação do relatório prévio de Pinato sobre a representação contra Cunha. Como relator, ele deve opinar se há elementos jurídicos para o prosseguimento do processo.

A partir dessa data, Cunha terá dez dias úteis para apresentar sua defesa.

O presidente da Câmara foi acusado pelo PSOL e a Rede de quebra de decoro parlamentar por ter omitido contas na Suíça atribuídas a ele e por ter recebido propina do esquema de corrupção da Petrobras, de acordo com denúncia apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal) pela Procuradoria Geral da República. O deputado nega as acusações e diz que vai provar sua inocência.