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Operação contra Lula não tem relação com delação de Delcídio, diz Lava Jato

Veja quais são os pontos mais explosivos da delação de Delcídio

UOL Notícias

Do UOL, em Brasília

04/03/2016 14h12Atualizada em 04/03/2016 14h46

Membros da força-tarefa da Operação Lava Jato afirmam: a 24ª fase, que investiga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não tem relação com o vazamento da delação premiada do senador petista Delcídio do Amaral (MS).

Nesta sexta-feira (4), a Lava Jato cumpriu mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente Lula. Isso acontece quando o investigado é obrigado a prestar depoimento e, em seguida, é liberado.

A fase atual da operação apura suspeitas de que o ex-presidente teria recebido vantagens de empreiteiras investigadas no esquema de corrupção na Petrobras por meio das reformas em um apartamento tríplex no Guarujá (SP) e de um sítio em Atibaia (SP) e também por meio de doações e palestras.

Na quinta-feira (3), a revista “IstoÉ” revelou o teor de um suposto acordo de delação premiada de Delcídio do Amaral, no qual o senador cita o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo a revista, além de apontar Lula como mandante dos pagamentos feitos à família de Nestor Cerveró, preso pela Operação Lava Jato e já condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Delcídio teria apontado em seu acordo de delação premiada que a presidente Dilma indicou o desembargador Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) como parte de uma estratégia para interferir no julgamento de executivos presos pela Lava Jato.

Delcídio afirmou, em nota, que não confirma o conteúdo da reportagem. A revista manteve as informações.

O procurador da República Carlos Fernando Lima, membro da força-tarefa da operação em Curitiba, afirmou nesta sexta-feira que os pedidos judiciais foram apresentados ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, há cerca de 15 dias, portanto antes de a suposta delação de Delcídio ser divulgada.

“Não há nenhuma vinculação com qualquer outro fato que tenha ocorrido em Brasília ou qualquer outro lugar”, disse Lima. “Vou deixar bem claro que as investigações são bastante compartimentadas. A força-tarefa de Curitiba vai atuar dentro de seu objeto. Era impossível imaginar qualquer coisa como a que aconteceu no dia de ontem [quinta-feira]”, disse o procurador.

A força-tarefa de Curitiba apura fatos relativos a investigados que não possuem o chamado foro privilegiado, que é o direito de ser julgado em instâncias superiores da Justiça. Delcídio, por causa do mandato de senador, só pode ser investigado no STF (Supremo Tribunal Federal), onde quem atua é a Procuradoria-Geral da República, e não a força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba. Já Lula, como não tem foro privilegiado, pode ser investigado pela instância de Moro.

O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, um dos responsáveis pela Lava Jato, também disse não haver relação entre a divulgação do possível acordo de delação premiada e a operação desta sexta-feira que teve Lula como alvo.

“Não há relação nenhuma com as informações apresentadas relativas à possível delação de Delcídio”, disse o delegado. Ambos concederam entrevista à imprensa na manhã desta sexta-feira, em Curitiba.