Dilma repudia ação da PF contra Lula e diz que Delcídio agiu por "vingança"
A presidente Dilma Rousseff (PT) rebateu nesta sexta-feira (3) as suspeitas atribuídas a ela no suposto acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e afirmou que tal delação, “se chegou a ser feita”, seria motivada por desejo de “vingança” com o objetivo de atingir seu governo. No início do seu discurso, que foi acompanhado de um novo panelaço, a presidente aproveitou para repudiar, mais uma vez, a condução coercitiva do ex-presidente Lula.
“Acredito ser lamentável que ocorra ilegalmente o vazamento de uma hipotética delação premiada que, se chegou a ser feita, teve como motivo único a tentativa de atingir a minha pessoa e o meu governo, provavelmente pelo desejo de vingança, pelo imoral e mesquinho desejo de vingança, e de retaliação de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos que praticou”, disse Dilma.
Na quinta-feira (3), a revista “IstoÉ” revelou o teor de um suposto acordo de delação premiada de Delcídio do Amaral, no qual o senador cita o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT).
Segundo a revista, além de apontar Lula como mandante dos pagamentos feitos à família de Nestor Cerveró, preso pela Operação Lava Jato e já condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Delcídio teria apontado em seu acordo de delação premiada que a presidente Dilma indicou o desembargador Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) como parte de uma estratégia para interferir no julgamento de executivos presos pela Lava Jato.
Em nota, Delcídio disse que não confirma o conteúdo da reportagem. A revista manteve as informações.
Dilma negou ter atuado na nomeação de Navarro com o objetivo de tentar interferir na Lava Jato. A presidente afirmou que durante seus dois mandatos já nomeou 16 ministros do STJ.
"É absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita", afirmou Dilma.
Sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, fato investigado pela Operação Lava Jato, a presidente afirmou que a Procuradoria-Geral da República já decidiu arquivar inquérito sobre o envolvimento dos membros do Conselho de Administração da Petrobras, por entender que não houve irregularidades por parte do conselho.
Dilma presidia o conselho na época da compra da refinaria, quando era ministra da Casa Civil do governo Lula.
A presidente também criticou a operação policial que conduziu coercitivamente nesta sexta-feira o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) para prestar depoimento no âmbito da Operação Lava Jato.
Dilma afirmou que o respeito à Constituição e aos direitos individuais exige a adoção de medidas proporcionais numa investigação, e que o ex-presidente já havia comparecido voluntariamente para prestar esclarecimentos.
“Em primeiro lugar quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato do ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades competentes, seja agora submetido à desnecessária condução coercitiva para prestar mais um outro depoimento”, disse a presidente, que fez um rápido pronunciamento a jornalistas após evento no Palácio do Planalto.
“No ambiente republicano e democrático, o protagonismo da Constituição sob orientação do Supremo Tribunal Federal constitui importante salvaguarda e, segundo entendimento de nossa Suprema Corte, o respeito nas investigações pelos direitos individuais passa pela adoção de medidas proporcionais que jamais impliquem em medidas mais fortes que aquelas necessárias para o esclarecimento dos fatos”, afirmou Dilma.
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