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Após cassação no Senado, Delcídio ataca Renan Calheiros: 'cangaceiro'

Do UOL, em São Paulo

16/05/2016 23h58

Com seu mandato de senador cassado há menos de uma semana, Delcídio do Amaral (sem partido-MS) não economizou nos ataques ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) em participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura, nesta segunda (16).

Delcídio chamou Renan de "cangaceiro" e, com ironia, de "figura ilustre", ao lembrar que o parlamentar comanda a Casa apesar de contar 12 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal). "Tem gente com 12, 13 processos que continua lá [no Senado]", disse Delcídio.

Renan responde atualmente a 12 inquéritos no Supremo, nove deles relacionados às investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobras, um relativo à Operação Zelotes além de dois que apuram irregularidades no pagamento da pensão de uma filha que o senador teve um relacionamento extraconjugal.

Não foi por acaso que Renan se tornou alvo de Delcídio. Depois de a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) ter suspendido as deliberações sobre o processo de cassação do ex-senador, no começo da semana passada, o peemedebista disse que teria "dificuldade" de realizar a sessão de votação que definiu o afastamento da presidente Dilma Rousseff caso o Senado não tomasse uma decisão sobre Delcídio.

Com isso, em questão de horas, a CCJ aprovou parecer pela cassação dele, que ocorreu na terça-feira (10) com 74 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção. No dia seguinte, tiveram início os trabalhos sobre o afastamento de Dilma.

Delcídio já tinha chamado Renan de gângster quando da condução do processo de cassação, na semana passada. O presidente do Senado não rebateu, preferindo se comparar à São Sebastião, mártir cristão. "O que é que significa mais uma flechada em São Sebastião?", disse.

Nos últimos instantes de sua participação no "Roda Viva", Delcídio ainda disse que o nome do presidente do Senado ainda deve aparecer mais vezes relacionado à operação Lava Jato, assim como o de outros peemedebistas de peso, como o atual ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-ministro de Minas e Energia e senador Edison Lobão (PMDB-MA).

"Renan, Romero, Lobão. Isso vai aparecer [na Lava Jato]. O PMDB tem função proeminente no esquema da Lava Jato."

Jucá é alvo de dois inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal). Em um deles o ministro é suspeito de integrar a organização criminosa que atuou na Petrobras e o outro, um desdobramento da Lava Jato, é relacionado à corrupção na Eletronuclear. Ele nega as acusações.

Lobão é alvo do Supremo, ao lado de líderes do PMDB, por suspeita de ser beneficiado com o pagamento de propina para a construção da usina de Angra 3. Ele teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. O senador nega as acusações e disse que, por ser um homem público, suas contas estão "naturalmente abertas".