Não me atribua o que eu não disse, diz Gilmar a relator de julgamento no TSE
Em um novo bate-boca durante o julgamento da chapa Dilma-Temer, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, confrontou o relator do processo, Herman Benjamin, ao dizer que "não lhe atribuísse o que ele não havia dito."
"Não, não tente atribuir a mim. Não tente atribuir a mim. Eu conheço muito bem esta técnica. Não atribuem a mim. Na verdade, a minha decisão se limitou a dizer que aquilo que estava na petição inicial deveria ser investigado", disse Mendes a Benjamin, no momento mais tenso desta quinta-feira (8), terceiro dia de julgamento.
"Isso é claro. Não vamos usar este tipo de técnica porque isso não é digno do tribunal em que nós estamos. Estou dizendo com seriedade. O meu voto está aí. Não me atribua o que eu não disse, não me atribua o que eu não disse", acrescentou.
"Eu não atribuí, eu não parafraseei, um parágrafo do voto magistral dele", respondeu Benjamin.
Ao ser interrompido por Mendes, o relator citava um voto anterior do presidente da Corte. Em agosto de 2015, o voto derrubou o arquivamento e retomou o processo contra a chapa, pois foi seguido por outros quatro ministros do TSE. À época, Dilma Rousseff (PT) era a presidente da República.
Neste ponto do julgamento, os ministros discutiam se os depoimentos de delatores da Odebrecht devem ser incluídos ou não no processo. O bate-boca é mais um de uma série de pequenos embates entre Gilmar Mendes e Herman Benjamin, desde o começo do julgamento na última terça-feira (6). Mendes chegou a dizer, anteriormente, que um argumento do relator "era falacioso".
Julgamento
O colegiado de sete juízes avalia a procedência da acusação proposta pelo PSDB e pela coligação Muda Brasil pedindo a cassação da chapa e a inelegibilidade de Dilma por abuso de poder econômico e político.
Uma delas diz respeito à inclusão de informações prestadas por delatores da Operação Lava Jato, que não teriam relação com a acusação inicial, e por isso deveriam ser descartadas, segundo os advogados de Dilma e Temer. A outra preliminar trata da alegação de que houve cerceamento de defesa. Outras cinco já foram rejeitadas pelos ministros.
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