Lava Jato denuncia Cabral e ex-presidente da Fecomércio-RJ por corrupção
A Operação Lava Jato denunciou nesta terça-feira (27) pela 23ª vez o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabal (MDB), além do ex-presidente da Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro) Orlando Diniz e outras 11 pessoas.
Diniz é acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de cometer cinco crimes de corrupção ativa, dois de lavagem de dinheiro e crime de organização criminosa. Cabral foi denunciado por cinco crimes de corrupção passiva e dois de lavagem de ativos. No dia 2 de março, o ex-governador foi condenado pela quinta vez na Lava Jato --a penas contra ele chegam a cem anos.
Em 23 de fevereiro, Diniz foi preso na Operação Jabuti, desdobramento da Lava Jato. Segundo o MPF, como presidente da Fecomércio, ele teria sido responsável pelo desvio de ao menos R$ 10 milhões dos cofres públicos.
A Lava Jato diz que ele detinha poder político econômico ao gerir o sistema Fecomércio/Sesc/Senac e possuir estreita ligação com Cabral. “Não por acaso é vizinho do ex-governador no luxuoso prédio do Leblon, na rua Aristides Espíndola, e no conhecido Condomínio Portobello, em Mangaratiba, apesar de ter negado essa relação estreita e, até mesmo, a relação de vizinhança em seu interrogatório prestado perante a autoridade policial”, diz a denúncia.
Segundo a Lava Jato, Cabral pediu e aceitou vantagens indevidas em troca de exercer o seu cargo com especial atenção para os interesses privados de Diniz.
De acordo com o MPF, Diniz "valeu-se por diversas vezes do esquema de lavagem de dinheiro que tinha à frente os operadores financeiros de Cabral" --ele teria lavado mais de R$ 3 milhões.
"Há indícios de que Diniz desviava recursos públicos federais do orçamento do Sesc e do Senac. Além disso, a pedido de Cabral, Diniz contratou diversos funcionários 'fantasmas', num esquema que movimentou quase R$ 6 milhões."
Segundo a Lava Jato, entre os funcionários “fantasmas”, estão parentes de operadores de Cabral --eles recebiam salários, mas nunca prestaram serviços para o Sesc ou o Senac, ou prestavam serviços no interesse particular do ex-governador.
A mãe de Carlos Miranda, apontado pela Lava Jato como gerente da propina de Cabral, não foi denunciada por ter mais de 70 anos (em razão da idade o crime já prescreveu).
Em resposta ao UOL, a assessoria do sistema Sesc/Senac no Rio não comentou as acusações, respondendo apenas que Diniz foi afastado da diretoria das instituições em dezembro pelo Supremo Tribunal de Justiça e que agora uma nova administração assumiu a fim de "conduzir as duas instituições para as suas atividades fim".
A defesa de Cabral ainda não se manifestou sobre as acusações.
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