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Em depoimentos a Moro, petistas refutam tese de organização criminosa

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

20/06/2018 14h01

Um dia após a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), ter sido absolvida pela Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), parlamentares petistas defenderam o partido e negaram a tese de que havia uma organização criminosa no governo federal. As afirmações foram feitas em depoimento, nesta quarta-feira (20), ao juiz federal Sergio Moro dentro do processo do sítio de Atibaia, investigado na Operação Lava Jato e que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu.

Lula chamou como testemunhas de defesa os senadores Humberto Costa (PE) e Jorge Viana (AC), e os deputados federais Arlindo Chinaglia (SP) e Henrique Fontana (RS).

Em depoimentos de cerca de dez minutos cada um e questionados exclusivamente pela defesa do ex-presidente, uma declaração comum foi a de negativas sobre Lula ter realizado atos ilícitos no governo. Nem os defensores dos outros réus nem a acusação nem Moro fizeram perguntas às testemunhas.

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Em sua audiência, Fontana disse que se sente atacado quando ouve a tese de que haveria uma organização criminosa no governo do ex-presidente. “Parecia que todos nós que estávamos governando estávamos comprometidos com alguma lógica de corrupção”.

Costa disse que nunca soube de corrupção e que Lula nunca lhe “fez qualquer proposta que não fosse republicana” ou qualquer outro ato que pudesse ser entendido como vantagem indevida.

Seu colega na Câmara, Chinaglia, ponderou que irregularidades, se houvesse, seriam denunciadas. “Eu nunca testemunhei, nunca ouvi nenhum comentário na linha de que teria uma organização criminosa. Se houvesse, qualquer um de nós, seja o Lula seja qualquer outro, seria denunciado imediatamente”.

Um momento que fugiu do comum nos depoimentos dos quatro parlamentares foi quando o senador Jorge Viana fez uma referência direta a Moro ao explicar que “governos ficaram reféns do sistema político-partidário”.

"Estou falando aqui, estou diante de um juiz que está propondo a sua contribuição também para o país”, disse Viana, sem se esticar no tema. Não houve comentários de Moro sobre a referência.

Também seriam ouvidos nesta quarta-feira os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Lindbergh Farias (PT-RJ), mas eles alegaram que possuíam outros compromissos, pedindo reagendamento da audiência. A defesa de Lula decidiu por dispensar seus testemunhos mesmo em outra ocasião.

Há apenas mais duas datas com audiências de testemunhas de defesa no processo do sítio, que apura se Lula foi beneficiado com cerca de R$ 1 milhão envolvendo o imóvel, que seria de propriedade do petista, segundo a Lava Jato. Na sexta-feira (29), último dia de depoimentos, será ouvida a sucessora de Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff.

Na sequência, serão marcadas as datas dos interrogatórios dos réus. Quando isso ocorrer, será o primeiro contato entre Lula e Moro após a prisão do petista, em abril passado. O ex-presidente, que cumpre pena de 12 anos de reclusão referente ao processo do tríplex, nega as acusações.

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