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Gleisi é nomeada advogada eleitoral de Lula para contornar veto de juíza

Gleisi Hoffmann na sede da PF em Curitiba, onde Lula está preso - Heuler Andrey/AFP
Gleisi Hoffmann na sede da PF em Curitiba, onde Lula está preso Imagem: Heuler Andrey/AFP

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

03/09/2018 19h36

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), foi novamente nomeada como advogada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de ter sido impedida pela Justiça de fazer parte da defesa do petista.

Agora, em vez de atuar como advogada no processo de execução da pena de Lula, na Justiça Federal do Paraná, Gleisi passou a integrar a defesa do ex-presidente no processo de registro de candidatura, que corre no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O objetivo é tentar ter acesso facilitado a Lula na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Como advogada, Gleisi poderia visitá-lo em dias e horários variados, e não só nas tardes de quinta, no horário reservado para visitas de amigos do ex-presidente.

Para isso, porém, a senadora aguarda resposta sobre pedido feito hoje para que a juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena de Lula, conceda autorização e reconsidere a decisão de quinta-feira (30) em que atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal) e impediu Gleisi de atuar como advogada de Lula no processo de execução da pena.

Segundo a juíza, a lei impede que parlamentares atuem contra advogados em casos que envolvam sociedades de economia mista, como a Petrobras. A juíza lembra que, no caso do tríplex, pelo qual Lula cumpre pena, o ex-presidente foi inclusive condenado a indenizar a Petrobras.

Gleisi protestou contra a decisão e disse que "nem a ditadura impediu advogados de visitar presos".

Juíza diz não ver urgência em pedido

No pedido de reconsideração, Gleisi alega justamente que sua atuação como advogada limita-se à esfera eleitoral.

No entanto, a juíza federal Gabriela Hardt, que está substituindo temporariamente Carolina Lebbos, disse não ver urgência no pedido da senadora.

Segundo Hardt, a defesa de Lula sequer leu uma intimação para esclarecer "quem de fato detém poderes de representação de Luiz Inácio Lula da Silva (...) sendo pertinente aguardar tal manifestação". A magistrada também deu dois dias para o MPF se pronunciar sobre o pedido de Gleisi.

"Diante disto, e em especial por estar atuando em caráter provisório no feito, não vislumbro urgência no pedido de reconsideração que justifique a atuação desta magistrada para alterar a decisão da juíza natural do feito, sendo oportuno que se aguarde a manifestação da defesa cadastrada", decidiu a juíza Hardt.

Gleisi esteve hoje na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula está preso. No entanto, não visitou a carceragem, segundo a assessoria de imprensa da Vigília Lula Livre -- o nome dado ao acampamento montado por apoiadores do ex-presidente em frente à PF.

Um dos visitantes de Lula hoje foi Fernando Haddad, vice na chapa presidencial petista e que deve ser formalizado como candidato a presidente com o indeferimento da candidatura de Lula. Haddad consta como advogado de Lula no TSE.