Topo

Esse conteúdo é antigo

Petistas chamam delação de Palocci de mentirosa e instrumento da Lava Jato

26.set.2016 - O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci no governo Lula entre 2003 e 2006 - Reuters/Rodolfo Buhrer
26.set.2016 - O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci no governo Lula entre 2003 e 2006 Imagem: Reuters/Rodolfo Buhrer

Do UOL, em Brasília

16/08/2020 13h42Atualizada em 17/08/2020 08h37

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros membros do partido reagiram hoje (16) à divulgação do resultado do inquérito feito pela Polícia Federal que avaliava a delação feita por Antonio Palocci envolvendo o banco BTG e o ex-presidente. Segundo a PF, não foram encontradas provas e as acusações foram desmentidas pela investigação. Os petistas classificaram a delação como "mentirosa" e instrumento da Lava Jato para interferir na eleição presidencial de 2018.

No último pleito, Lula quis se candidatar, mas o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgou o petista inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Na época, ele estava preso após ser condenado no caso do tríplex do Guarujá, no litoral paulista. Fernando Haddad (PT) entrou na disputa para substituí-lo, mas foi derrotado pelo atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O então juiz Sergio Moro retirou o sigilo da delação a seis dias do primeiro turno da eleição. Esse foi um dos argumentos usados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para excluir as declarações de Palocci de um dos processos contra Lula na Lava Jato.

O ex-presidente Lula publicou a seguinte mensagem no Twitter, assinada por sua assessoria:

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), escreveu que o "vazamento criminoso" da delação pelo então juiz federal na força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná e ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, interferiu no pleito de 2018. Ela defendeu um processo contra Moro.

"Moro tem de ser processado e publicamente pedir desculpas a Lula e Haddad. Ele sabia que a delação era mentirosa. E a Globo? Vai dar essa notícia com o mesmo estardalhaço?", disse.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin, afirmou que a notícia mostra que "também neste aspecto sempre estivemos na direção certa: a delação de Palocci era um instrumento da Lava Jato para a prática de lawfare contra Lula, assim como as delações em geral, que sempre foram direcionadas a alvos pré-definidos".

O deputado federal e secretário geral do PT, Paulo Teixeira (PT-SP), afirmou: "Delegado da Polícia Federal diz que a delação do Palocci foi inventada. Mentira tem perna curta".

O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) escreveu que a "fala do Palocci poucos dias antes da eleição, nunca foi uma delação, mas um acordo de canalhas para tentar prejudicar Fernando Haddad".

Palocci foi ministro da Fazenda no governo Lula entre 2003 e 2006. Por um período em 2011, foi ministro-chefe da Casa Civil da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O resultado da Polícia Federal foi encaminhado ao Ministério Público Federal, informou o jornal Folha de S.Paulo.

Delação de Palocci

A polícia investigou as declarações de um dos anexos de delação de Palocci homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin.

Além de afirmar não haver provas suficientes, o delegado Marcelo Daher considerou que a delação conta com informações retiradas de notícias da internet, sem mais "elementos de corroboração", segundo o jornal.

De acordo com a Folha, na delação, Palocci apontou o banqueiro André Esteves como responsável por "movimentar e ocultar os valores recebidos" por Lula "a título de corrupção e caixa dois, em contas bancárias abertas e mantidas no BTG Pactual S/A, em nome de terceiros". Em compensação, Esteves teria influência no governo federal e receberia informações privilegiadas, afirma.

Delação de Messer citada por Lula

A delação citada por Lula hoje na postagem do Twitter se refere a uma delação do doleiro Dario Messer ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro na qual teria dito que entregava "em várias ocasiões" quantias entre US$ 50 mil e US$ 300 mil a integrantes da família Marinho na década de 90, segundo a revista Veja. Em edição do Jornal Nacional, a Globo negou as acusações.

A revista afirmou que Messer disse nunca ter tido contato direto com os Marinho e não teria apresentado provas das entregas de dinheiro.