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Bolsonaro troca afagos com Collor e projeta Lira eleito: 'se Deus quiser'

Collor (d) tem participado de eventos com Bolsonaro frequentemente - Reprodução
Collor (d) tem participado de eventos com Bolsonaro frequentemente Imagem: Reprodução

Hanrrikson de Andrade e Allan Brito

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em São Paulo

28/01/2021 12h21Atualizada em 28/01/2021 14h09

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o senador Fernando Collor (PROS-AL) subiram hoje no mesmo palanque e trocaram afagos durante uma cerimônia organizada para promover a liberação de tráfego da nova ponte sobre o Rio São Francisco, na BR-101, entre Alagoas e Sergipe. No evento, Bolsonaro aproveitou para declarar apoio ao deputado federal Arthur Lira (PP-AL) na eleição para a presidência da Câmara.

Depois de fazer agradecimentos, Bolsonaro se dirigiu a Collor como "presidente" e afirmou que, para atuar na política e lidar com pressões e críticas, é necessário ter "couro grosso". Pouco antes, Collor havia elogiado o atual governante e minimizado a repercussão do episódio sobre a compra de leite condensado por parte da União - reportagem do UOL mostrou que o governo federal gastou menos em 2020 do que em 2019 com esse item e no total das compras para alimentação, diferentemente do que divulgado pelo jornal Metrópoles.

Segundo o senador, que não mencionou diretamente a polêmica, esta foi uma "crise" que "saiu do nada". Ele também desejou força a Bolsonaro e disse que o ex-colega de Congresso —o presidente foi deputado federal antes de se eleger comandante do país— tem "capote".

Você tem capote. E o seu capote é robusto
ex-presidente Fernando Collor, para o presidente Jair Bolsonaro

Bolsonaro respondeu que "a missão é espinhenta" e que, "para enfrentar desafios" na política, é preciso ter "couro grosso". E ironizou o episódio do leite condensado.

Presidente Collor, sabemos que a missão é espinhenta. E o político bem sabe que, para enfrentar desafios, ele tem que ter couro grosso. Quando falam de leite condensado... Não tem o que falar de mim, pô?
presidente Bolsonaro

Sem se estender na referência positiva a Collor, que é veterano na política e cujo perfil desagrada os apoiadores do atual presidente, Bolsonaro destacou que o senador manifestou interesse em angariar investimentos para uma obra em seu estado.

"Estava vindo para cá de avião, [Collor] reuniu-se com o Tarcísio e expôs a sua preocupação e a necessidade da construção da ponte que liga Penedo a Neópolis. O Tarcísio respondeu que é possível, sim, via Ministério do Desenvolvimento Regional. (...) Essa possibilidade realmente vai se concretizar, se Deus quiser."

Lira eleito, "se Deus quiser"

O chefe do Executivo federal encerrou o discurso declarando abertamente a sua torcida pela vitória de Arthur Lira, que disputa a eleição para a Presidência da Câmara. Seu principal adversário, com base nos apoios manifestados pelos partidos, é Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Amigos de Alagoas, se Deus quiser, segunda-feira [1º] teremos o segundo homem na linha hierárquica do Brasil eleito aqui no Nordeste pela Câmara dos Deputados. O deputado Arthur Lira. Se Deus quiser, o nosso presidente.
presidente Bolsonaro

O triunfo de Lira pode simbolizar uma vitória importante para o governo. Bolsonaro já declarou que conta com o deputado para conseguir pautar no Congresso temas e projetos de interesse do Executivo, em especial as que possuem viés ideológico, como a liberação de armas no Brasil.

Ontem, apesar da independência dos poderes, Bolsonaro afirmou publicamente que pretendia "influir" na eleição na Câmara, após se reunir com deputados do PSL para pedir votos para a candidatura de Lira.

"Vamos, se Deus quiser, participar e influir na presidência da Câmara com esses parlamentares (do PSL)", disse o presidente.