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Deputado Luis Miranda chega à CPI com colete à prova de balas e Bíblia

Gabriel Toueg e Anaís Mottta

Colaboração para o UOL e do UOL, em São Paulo

25/06/2021 14h34Atualizada em 25/06/2021 15h52

O deputado Luis Miranda (DEM-DF) chegou hoje ao Senado Federal, para depor à CPI da Covid, usando um colete à prova de balas. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Miranda vai falar hoje à comissão no Senado ao lado do irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde que acusa Bolsonaro de ter ignorado denúncias relacionadas à vacina indiana Covaxin. O deputado também carregava uma Bíblia.

O parlamentar chegou sem o irmão ao Senado. Questionado, ele disse que o servidor foi "abandonado pelos membros do Ministério da Saúde no aeroporto". Miranda voltava de uma viagem oficial do ministério para os EUA para negociar as vacinas da Janssen. Segundo o deputado, o irmão precisou voltar em um voo comercial, por isso teria atrasado. "[Vim falar] a verdade, só a verdade", disse Miranda. O servidor chegou a Brasília por volta de 14h45 e já está no Senado.

Pra quem diz combater a corrupção, é muito estranha a atitude dele. [...] Bolsonaro ainda vai pedir perdão para mim, eu tenho certeza. Ele vai perceber que a equipe dele é muito injusta
Deputado Luis Miranda, ao chegar ao Senado hoje

Mais cedo, o deputado publicou nas redes sociais uma foto do irmão ao lado de caixas do que seriam os imunizantes negociados nos EUA. "Esse é o irmão [Luis Ricardo] Miranda entregando para o povo brasileiro já desembaraçadas as 3 milhões de doses da vacina Janssen doadas pela [Embaixada dos EUA no Brasil", escreveu.

Miranda também escreveu que, "logo mais, tentarão destruir a nossa imagem e o nosso trabalho e farão de tudo para ocultar a verdade".

Ao confirmar o depoimento do deputado, anteontem, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, anunciou que haveria um aparato de segurança para o deputado, que diz estar sendo ameaçado. Ao chegar ao Senado, Miranda voltou a dizer que recebeu "várias ameaças" inclusive entre ontem e hoje. O parlamentar alega ter avisado Bolsonaro sobre indícios de irregularidades na compra da vacina indiana, relatados pelo irmão.

O contrato de aquisição do imunizante indiano foi assinado em 25 de fevereiro deste ano. De acordo com o deputado, o irmão teria sido pressionado a dar celeridade ao processo burocrático para que as 20 milhões de doses adquiridas chegassem ao Brasil —mesmo com aval, o governo ainda dependeria de autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo as alegações, o servidor do ministério, contudo, teria se negado a apressar a importação. Ele também diz que sua equipe havia identificado falhas de documentação e inconsistências no contrato, denúncias que teriam sido levadas ao presidente da República.