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Chico Alves: Fala de Bolsonaro tira argumentos de governistas na CPI

Do UOL, em São Paulo

25/06/2021 13h47Atualizada em 25/06/2021 14h21

O colunista do UOL, Chico Alves, afirmou hoje que o pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que a Polícia Federal investigue a negociação da Covaxin, quebra argumentos dos senadores governistas na CPI da Covid, que iriam questionar a veracidade do relato do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).

"O presidente admitindo que vai determinar que a Polícia Federal faça investigação sobre os fatos relatados quebra a argumentação dos governistas de duvidar da palavra do deputado de que ele relatou ao presidente [irregularidades no contrato da Covaxin]", disse Chico Alves ao UOL News.

A CPI da Covid recebe hoje o deputado Luis Miranda, e o irmão servidor no Ministério da Saúde, que dizem ter alertado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre indícios de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin.

O contrato com a farmacêutica Bharat Biotech foi fechado por US$ 15 a dose, valor 1000% maior do que o anunciado pela fabricante. Segundo o Estado de S.Paulo, a ordem para a aquisição da vacina foi dada pessoalmente pelo presidente Bolsonaro.

"A pergunta é: porque [Bolsonaro determinou a investigação pela PF] somente três meses depois? A fala do presidente tira dos governistas argumentos que vinham tentando manter desde que o deputado Luis Miranda trouxe à tona denúncias."

Segundo o colunista, desqualificar adversários é a forma de agir de bolsonaristas. "Há alguns dias, Luis Miranda era um aliado próximo do presidente, recentemente foi fotografado na garupa de Bolsonaro. Então, para ser aliado, o presidente não via problema e agora na hora da denúncia [tem problema]? É uma contradição."

"Na história recente, casos de corrupção política são iniciados por pessoas que não são exatamente um modelo de comportamento. Temos que constatar se o que [Luis Miranda] denuncia é fato ou não", acrescentou.

Chico diz que ainda não se pode dizer que Bolsonaro tenha participação no caso. "Mas se ele foi alertado e não fez nada, a gente pode discutir trazer ao baile a possibilidade de prevaricação."

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.