Chico Alves: Fala de Bolsonaro tira argumentos de governistas na CPI
O colunista do UOL, Chico Alves, afirmou hoje que o pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que a Polícia Federal investigue a negociação da Covaxin, quebra argumentos dos senadores governistas na CPI da Covid, que iriam questionar a veracidade do relato do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
"O presidente admitindo que vai determinar que a Polícia Federal faça investigação sobre os fatos relatados quebra a argumentação dos governistas de duvidar da palavra do deputado de que ele relatou ao presidente [irregularidades no contrato da Covaxin]", disse Chico Alves ao UOL News.
A CPI da Covid recebe hoje o deputado Luis Miranda, e o irmão servidor no Ministério da Saúde, que dizem ter alertado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre indícios de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin.
O contrato com a farmacêutica Bharat Biotech foi fechado por US$ 15 a dose, valor 1000% maior do que o anunciado pela fabricante. Segundo o Estado de S.Paulo, a ordem para a aquisição da vacina foi dada pessoalmente pelo presidente Bolsonaro.
"A pergunta é: porque [Bolsonaro determinou a investigação pela PF] somente três meses depois? A fala do presidente tira dos governistas argumentos que vinham tentando manter desde que o deputado Luis Miranda trouxe à tona denúncias."
Segundo o colunista, desqualificar adversários é a forma de agir de bolsonaristas. "Há alguns dias, Luis Miranda era um aliado próximo do presidente, recentemente foi fotografado na garupa de Bolsonaro. Então, para ser aliado, o presidente não via problema e agora na hora da denúncia [tem problema]? É uma contradição."
"Na história recente, casos de corrupção política são iniciados por pessoas que não são exatamente um modelo de comportamento. Temos que constatar se o que [Luis Miranda] denuncia é fato ou não", acrescentou.
Chico diz que ainda não se pode dizer que Bolsonaro tenha participação no caso. "Mas se ele foi alertado e não fez nada, a gente pode discutir trazer ao baile a possibilidade de prevaricação."
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