Bolsonaro propõe organizar 'jegueata' para Lula e volta a atacar protestos

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a minimizar as manifestações que pedem o seu impeachment e ironizou propondo aos opositores que organizassem uma "jegueata" em apoio ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro tem participado de "motociatas" (passeio de moto) a favor de seu governo em várias cidades do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Neste sábado (17), o presidente deve participar de nova mobilização em Manaus.

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"A indústria de motocicleta na Zona Franca de Manaus cresceu 45%. Eu tenho ajudado um pouquinho nisso aí, agora manda o Lula organizar um 'jegueata' para ele. Ele não pode andar na rua", declarou Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio do Alvorada na manhã de hoje.

O dado citado por Bolsonaro é verdadeiro. Segundo a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), a produção de motocicletas no Polo Industrial de Manaus cresceu 45% no primeiro semestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, não é possível dizer que há relação direta entre as "motociatas" e o aumento na produção.

Bolsonaro seguiu com as críticas a Lula ao mencionar as manifestações populares em Cuba. O presidente ressaltou seu posicionamento contrário ao governo cubano, em contraposição ao petista, que é historicamente aliado a Havana.

"Tem gente que apoia esse cara para ser presidente do Brasil. Qual será o futuro nosso se esse bandido for Presidente da República?", disse.

Bolsonaro voltou a defender o voto impresso auditável e tentou desacreditar pesquisas de intenção de voto do Datafolha que colocam Lula em primeiro lugar na disputa presidencial de 2022. Sem apresentar dados, o presidente afirmou que o instituto tem "recebido muita grana" para "enganar uns poucos" eleitores.

"Aqui no Brasil, para não entrar na linha de Cuba, temos de ter voto impresso auditável, com contagem pública dos votos também", declarou.

Foto com índios

Na saída do Alvorada, Bolsonaro também conversou com indígenas que o aguardavam. Ele foi presenteado com adereços, posou para fotos e disse que se sentia como um "cacique". O presidente era o único sem máscara, enquanto três índios usavam a proteção contra o coronavírus no rosto.

O presidente aproveitou a ocasião para defender medidas do governo em relação a povos e terras indígenas, entre eles o PL 490, que trata da demarcação de terras. O projeto é alvo de críticas por lideranças indígenas e pela oposição e houve confronto com policiais em frente à Câmara dos Deputados durante uma votação do tema na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Como de costume nesses encontros com apoiadores, Bolsonaro tirou várias fotos, inclusive com uma criança no colo (ambos sem máscara).

Sem dar detalhes, o presidente disse ainda que trará novidades para sua tradicional live de quinta-feira no Facebook.

Lula diz que Bolsonaro fala bobagem todo dia

Em entrevista à rádio Bandeirantes na manhã de hoje, Lula comentou sobre os constantes ataques que tem recebido de Bolsonaro e disse que não iria alimentar as "bobagens" que ele fala.

"Eu vejo um Presidente da República falando bobagem todos os dias, aliás eu nunca vi alguém falar tanta bobagem por minuto igual o presidente fala, e eu não vou ficar alimentando essas bobagens que ele fala", afirmou o ex-presidente.