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Ramagem diz à PF que Abin fez relatório sobre segurança das urnas

Bolsonaro formalizou em 2019 a indicação do delegado federal Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Abin - Foto: Carolina Antunes/PR
Bolsonaro formalizou em 2019 a indicação do delegado federal Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Abin Imagem: Foto: Carolina Antunes/PR

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

15/03/2022 19h42

Em depoimento à Polícia Federal, o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, afirmou que o órgão produziu relatórios sobre supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas antes da live em que o presidente Jair Bolsonaro levantou suspeitas sobre o sistema de votação. A informação, confirmada pelo UOL, foi dada antes pela CNN Brasil.

O perito criminal da PF Ivo Peixinho foi personagem importante nos testes de segurança das urnas promovidos pelo TSE - Reprodução/TSE - Reprodução/TSE
O perito criminal da PF Ivo Peixinho foi personagem importante nos testes de segurança das urnas promovidos pelo TSE
Imagem: Reprodução/TSE

A declaração de Ramagem está de acordo com o depoimento do perito criminal federal Ivo de Carvalho Peixinho à corporação, em que ele afirmou que de 2019 a 2020 o governo federal por meio da Abin havia buscado informações sobre a segurança no sistema eleitoral. A oitiva guiou a apuração que resultou no relatório em que a PF afirma que Bolsonaro atuou diretamente para disseminar desinformação sobre as urnas.

Em seu depoimento, Peixinho disse que "de forma alguma" os relatórios apontam para qualquer tipo de fraude. Segundo ele, as falhas identificadas em testes nas urnas foram corrigidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Procurada pelo UOL, a Abin não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Filipe Barros pediu informações, diz Ramagem

Filipe Barros e Bolsonaro vazaram inquérito sigiloso, diz PF - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Filipe Barros e Bolsonaro vazaram inquérito sigiloso, diz PF
Imagem: Reprodução/YouTube

Questionado se havia tomado conhecimento de algum pedido à PF para fornecer dados relativos à existência de suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas ou de fraudes nas eleições, Ramagem disse que tinha somente conhecimento de que o deputado federal Filipe Barros (União-PR) havia pedido informações sobre apurações da corporação sobre o tema.

Barros foi relator da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados, derrubada no Congresso Nacional no ano passado.

Procurado pelo UOL, o congressista não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Ramagem: 'Resultados não foram usados na live'

Questionado se determinou produção de relatório sobre supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral brasileiro, o diretor da Abin respondeu que o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações da agência trabalha na elaboração de produção de conhecimento relacionada a supostas vulnerabilidade do sistema de votação brasileiro.

"Porém nenhum desses conhecimentos foram encaminhados ou utilizados na live. Um dos motivos da elaboração desse tipo de conhecimento pelo [setor] ocorre em virtude da pretendida participação nos próximos testes públicos realizados pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral] como forma de auxiliar no aperfeiçoamento do sistema eleitoral", disse Ramagem em depoimento à PF.

Relembre o caso

No ano passado, Bolsonaro afirmou que, em transmissão em suas redes sociais, apresentaria "provas" de que o resultado das eleições de 2018, da qual saiu vitorioso, havia sido fraudado. Durante a live, o presidente exibiu vídeos e notícias falsas, que já foram desmentidos por órgãos oficiais, e levantou suspeitas contra a segurança das urnas eletrônicas.