Topo

Investigada morte de homem que tomou 'vacina do sapo'

Simone Menocchi<br>De Pindamonhangaba <br/>

25/04/2008 18h07

A Polícia Civil de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba (SP), ouviu hoje o empresário Jorge Roberto de Oliveira Rodrigues, de 40 anos, que confessou ter aplicado a chamada "vacina do sapo" no comerciante Ademir Tavares, de 52 anos, no sábado. Tavares foi submetido à aplicação da substância, retirada pelos índios amazonenses da pele de um anfíbio, e morreu em seguida, na casa do empresário, onde estavam mais quatro pessoas.

Entre os amigos de Rodrigues, estava o filho do comerciante, Luiz Augusto Tavares, de 25 anos, que também recebeu a "vacina", passou mal e está com inflamação no braço. "Ele contou que passou muito mal e que tinha ido à casa do empresário porque seu pai, Ademir, insistiu muito", afirmou o delegado responsável pelas investigações, Vicente Lagiotto.

Ainda segundo Lagiotto, Ademir Tavares demorou muito para voltar do banheiro, o que chamou a atenção dos presentes. "Quando foram até o banheiro, encontraram-no caído, de olhos abertos e sem respirar. Foi socorrido, mas, segundo os médicos, já chegou morto ao hospital", completou o delegado responsável pelas investigações. Os outros que estavam na residência não receberam a administração da "imunização", que ocorre no braço ou nas pernas. "O empresário contou que ele mesmo usou por várias vezes nos últimos oito meses e que nunca teve reação nenhuma. Informou que mandou buscar no Acre a substância e que não cobrava nada dos amigos."

Segundo Lagiotto, Rodrigues, que "receitou" o suposto remédio, tinha consciência do que fazia. "Ele disse que sabia que a substância era forte e, por isso, a diluía em água." Rodrigues responderá por exercício ilegal da medicina e homicídio doloso. "Houve dolo porque ele sabia dos riscos. Vai responder em liberdade porque não oferece risco e apresentou-se, voluntariamente."



Apesar de conhecida como "vacina do sapo", a substância é retirada da pele da rã kambô (Phillomedusa bicolor) pelos índios da Amazônia. Sem comprovação científica de que é um produto seguro, o uso não tem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e tem a publicidade proibida desde 2004.

"Retirada da barriga da rã, a substância é usada pelos índios para acabar com a má sorte na caça e na pesca. Não existem pesquisas que assegurem o uso da 'vacina do sapo' kambô para as indicações feitas no site; portanto, o paciente que consome o produto está sujeito a sérios e desconhecidos agravos à saúde", diz a portaria da Anvisa, publicada em 30 de abril de 2004. A substancia provoca, segundo apuração da policia, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Hoje, a policia recolheu todo material encontrado na casa do empresário.


De Pindamonhangaba
\n","publicationDate":"20080425180700"},"click":{"mediaName":"Notícia","source":"https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/estado/2008/04/25/investigada-morte-de-homem-que-tomou-vacina-do-sapo.htm"}},"isNoSpace":false}' cp-area='{"xs-sm":"230px","md-lg":"128px"}' config-name="noticias/noticias">