Aspectos psicológicos também contam na hora de ajudar a criança a emagrecer
A obesidade traz diversos males para crianças e adolescentes, mas um dos vilões é a falta de autoestima. “Apesar de a infância ser um período onde se preconiza a diversão, constantemente somos lembrados da realidade que nos envolve. Na idade pré-escolar, as crianças já sabem como as pessoas enxergam diferentes características físicas.
A imagem corporal de cada uma vai tomando forma a medida em que se percebe o que é ou não valorizado pela sociedade”, acredita Maria Paula Campagnari, psicóloga e colaboradora do Ambulim (Ambulatório de Transtornos Alimentares) do Hospital das Clínicas do Estado de São Paulo. “O fato de a criança se ver diferente do modo ‘ideal’, pode trazer consequências aos sentimentos de autoavalia, levando a problemas psicológicos”, alerta.
Bullying
Nas escolas, é comum as “brincadeiras” entre as crianças e adolescentes sobre as diferenças físicas. A professora de educação física Camila Cese diz que há preconceito com os “gordinhos”.
“As brincadeiras podem acontecer, sim, mas a melhor forma de agir é ter uma boa conversa e explicar que diferenças existem e que devem ser respeitadas. Além disso, é preciso comunicar os pais e professores, para que tomem atitudes cabíveis e assim não aumentar a questão”, diz o professor de educação física e personal trainer, Igor Putarov.
“Um outro desafio para nossa área é promover aulas com temáticas voltadas à importância de uma alimentação saudável e à prática de atividade física. Com criatividade e de uma forma lúdica, podemos falar desses assuntos através de jogos e brincadeiras”, diz Cese.
Para Campagnari, todo tipo de piada com relação ao excesso peso de alguma criança é desconfortável e se agrava ainda mais quando se intensifica. “Neste caso, se torna bulliyng, que, por sua vez, tem repercussão desastrosa na vida destas crianças que são alvos”, avalia. “A melhor forma de se resolver a situação é dar força para que a criança enfrente, mostrando aos colegas o quanto se incomoda com as ofensas. Mas quando a situação fica muito grave, é necessário a intervenção de um responsável da escola.”
Ter uma boa imagem, lembra o especialista, é um dos fatores que ajudam as pessoas a ter uma autoestima elevada, mas não é tudo. “A autoestima vai além do aspecto físico. É necessário que esta criança possua uma boa base para conseguir resolver situações desagradáveis que aparecem em sua vida, além de entender que nem tudo acontece da forma como gostaríamos que fossem. As palavras de ordem são: enfrentamento e boa tolerância a frustrações”.
Pistas
Através do comportamento da criança com a alimentação, é possível perceber também alguns problemas psicossociais. Exagerar na comida, com ataques constantes à geladeira, ou se recusar a comer, podem representar problemas psicológicos.
“A alimentação é também um laço importante nas relações de pais e filhos. Representa mais do que uma maneira de nos manter vivos ou de matar a fome. É um meio de troca e comunicação. E muitas crianças podem usar a alimentação como chantagem e oposição, para chamar atenção dos pais”. Para a psicóloga, nestes casos, o que deve ser resolvido é a causa que desencadeou esse comportamento. “O papel dos pais é perceber a alteração na conduta alimentar do filho e encaminhá-lo a um profissional.
Os pais devem ficar atentos se os filhos perdem peso de forma muito acentuada ou quando ingerem uma quantidade muito grande de alimentos em pouco espaço de tempo”.
Transtornos alimentares
As meninas, em geral, são as que mais sofrem com o excesso de peso. “A sociedade faz muita pressão para que as mulheres sejam magras”, diz a psicóloga. A pressão pode levar a menina a ter mania de fazer dieta e desencadear dois problemas graves: a anorexia nervosa e a bulimia, transtornos do comportamento alimentar.
No caso da anorexia, as garotas passam a ter uma percepção modificada do próprio corpo. Elas não exageram quando dizem que se acham gordas – é assim que elas se veem. São meninas com uma imagem complemente distorcida de si mesmas. O livro da “Nova dieta dos Pontos”, afirma que os pais devem ficar alertas se a preocupação número 1 da menina for a boa forma. Casos assim devem ser tratados rapidamente: a anorexia mata.
No caso da bulimia, a menina é preocupada com a forma física, mas demonstra suas emoções, tristezas ou alegrias através da comida. Assim, algumas vezes come compulsivamente e, sentindo-se culpada, tenta se livrar do que já ingeriu tomando laxantes, remédios ou provocando vômitos.
“Todos os problemas parecem ser muito difíceis de controlar, por isso a base de qualquer relação familiar deve ser o amor. O amor que tratamos aqui não deve ser aquele amor controlador, exigente e contestador. E sim, um amor que conduz ao crescimento do outro. Quando esse amor é atingido, conseguimos ver o outro de forma clara e percebemos rapidamente quando algo está errado”, analisa a psicóloga.
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