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Hormônio abundante na gravidez ajudaria a melhorar a aparência e combater dores

Do UOL

Em São Paulo

19/10/2012 07h00

Cabelos e unhas mais fortes, pele revigorada, sono melhor, libido aumentada e redução da dor. Para o anestesista americano Samuel Yue, tudo isso pode ser conquistado com a reposição de um hormônio chamado relaxina. Yue é um dos palestrantes do 2º Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine, que começa nesta sexta-feira (19), em São Paulo. Ele vai apresentar resultados de estudos e de sua experiência com o uso da substância.

USO DE HORMÔNIOS PARA ADIAR O ENVELHECIMENTO

Ao menos por enquanto, o elixir da juventude eterna existe apenas na ficção. Mas alguns médicos garantem que é possível, sim, retardar os principais processos do envelhecimento. Reunidos em um congresso em São Paulo que começa nesta sexta-feira (19), especialistas da chamada medicina antiaging (antienvelhecimento) garantem que, ainda que não seja possível viver jovem para sempre, dá para se manter com a aparência e o bem-estar da juventude por muito mais tempo. A promessa, no entanto, é vista com descrédito pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

A relaxina é um hormônio muito parecido com a insulina, secretada no ovário pelas mulheres e, nos homens, no canal seminal. Na gravidez, a relaxina torna-se abundante, o que explicaria a melhora na aparência de cabelos, unhas e pele que as gestantes relatam, segundo Yue.

O médico, que é especializado no tratamento da dor, conta que tem usado a relaxina em pacientes com fibromialgia há cerca de 15 anos. “Observei diversas mudanças nos pacientes que são compatíveis com uma terapia antienvelhecimento”, contou Yue ao UOL.

Além de turbinar a aparência, a relaxina produziria uma série de outros benefícios: melhora do sono, memória mais profunda e fresca, aumento da energia, diminuição de espasmos musculares e de dor e melhora da circulação de sangue, entre outros. Ele sugere até que o hormônio protege o músculo cardíaco e a saúde dos ossos.

Embora uma farmacêutica esteja em fase avançada de estudos para comercializar uma versão do hormônio, o produto utilizado por Yue no consultório é um complemento alimentar obtido de porcos. O preço é relativamente acessível: cerca de R$ 100 reais o frasco com 60 cápsulas.

Os efeitos colaterais, ele garante, são mínimos. “Aparentemente o organismo é capaz de regular sozinho o excesso de hormônio”, afirma.

Sem comprovação

Yue admite que ainda são necessários estudos para comprovar todas essas teorias. Mesmo no tratamento da dor crônica, a relaxina ainda é usada em caráter experimental, ou como tratamento alternativo.

A médica Fabíola Minson, diretora da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), confirma que há pesquisas em andamento com a relaxina para o combate à esclerodermia, uma doença de pele, e para a fibromialgia. Mas ainda não há nenhuma comprovação sobre a eficácia e a segurança da terapia.

“Novas possibilidades no combate à dor são sempre bem-vindas, mas ainda é muito cedo para dizer se existe potencial [no uso da relaxina]”, adverte a médica.