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Carne vermelha em excesso é prejudicial à saúde? Veja mitos e verdades

Consuma carnes grelhadas, cozidas ou assadas, que mantêm os benefícios do alimento  - Thinkstock
Consuma carnes grelhadas, cozidas ou assadas, que mantêm os benefícios do alimento Imagem: Thinkstock

Rosana Faria de Freitas

Do UOL, em São Paulo

16/09/2013 07h00

Poucos alimentos são tão polêmicos como a carne vermelha. Tanto que muitas pessoas a baniram do cardápio. Mas será que esta atitude radical é necessária? De acordo com Carolina Mantelli Borges, médica pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade de São Paulo (USP), responsável pela área de endocrinologia da Clínica de Especialidades Integrada (SP), o item não é o vilão como muitos pensam.

“Controlando a quantidade e escolhendo o tipo mais saudável, além de não prejudicar a saúde, é possível se obter nutrientes essenciais ao organismo”, diz ela.

A carne vermelha é excelente fonte de proteína de alto valor biológico, que fornece todos os aminoácidos necessários ao metabolismo. Tais moléculas, além de gerar energia para o corpo, são responsáveis pela formação da estrutura muscular.

“O alimento ainda apresenta vitaminas como a B12, ferro e gorduras saturadas que, em proporções adequadas, são importantes para a saúde porque agem na absorção e no transporte de vitaminas (A, D, E e K), participam do metabolismo de hormônios e constituem partes formadoras das membranas celulares”, informa o nutrólogo André Veinert, titulado pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) e pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE).

Escolhas certas

A nova pirâmide alimentar, apresentada em junho último no 5º Congresso Brasileiro de Nutrição Integrada, continua sugerindo o consumo diário de uma porção de carnes e ovos, “com maior destaque para os peixes do tipo salmão, sardinha e regionais, e para os cortes mais magros e grelhados, frango sem pele e ovos”. Isso significa que é fundamental adotar alguns critérios na hora de comer carne vermelha.

Dentre os cortes mais magros, destacam-se filé mignon, lagarto, patinho, alcatra, maminha e coxão duro; já a picanha e o contrafilé são mais gordurosos e devem ser consumidos esporadicamente.

Além de mais saudáveis, algumas partes do boi não colocam a balança em risco. Tal dado deve ser levado em consideração se pensarmos que, de acordo com a última pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 51% da população brasileira está acima do peso, a proporção avançou de 42,7%, em 2006, para 51%, em 2012. Sendo que 54% dos homens estão acima do peso, contra 48% das mulheres. fazendo com que mais da metade da população esteja, hoje, acima do peso.

Fonte de nutrientes

Vale destacar, também, que a carne vermelha é o alimento que mais contém ferro, vitaminas do complexo B, zinco, magnésio, sódio, potássio e outros nutrientes. E tem mais, o ferro contido nela é melhor absorvido pelo organismo do que o existente em itens de origem vegetal.

Mesmo assim, quem se abstém de consumi-la e faz boas escolhas à mesa não coloca a saúde a prêmio. “A carne faz parte de uma alimentação equilibrada, mas é possível viver sem ela”, sustenta a endocrinologista Carolina Mantelli Borges.

Para quem não consome carne, é importante obter informações de como substituí-la adequadamente – e, se for necessário, complementar a dieta com suplementos vitamínicos. “Se o indivíduo tem um menu balanceado, pode dispensar a carne vermelha, pois alimentos de origem vegetal são capazes de suprir esta falta. É preciso ficar atento, porém, para a questão vitamínica”, conclui Veinert.

Nada em excesso

Para o nutrólogo, o consumo de carne vermelha deve ser moderado e acompanhado de alimentação saudável e prática regular de atividade física: “O excesso diário em corte e preparo errados, e os tipos processados –como a salsicha – devem ser evitados, já que sabemos que o aumento de doenças cardiovasculares e de câncer no aparelho digestivo pode estar ligado à ingestão exagerada de carne e gordura.”

A endocrinologista, por sua vez, diz que há outros riscos, como obesidade, diabetes, aumento do colesterol e hipertensão e que o ideal é comer carne vermelha cerca de três vezes por semana, em cortes magros e dentro de refeições equilibradas. “Sugiro variar entre carnes, peixes e aves, oferecendo outras oportunidades nutricionais ao organismo", conclui.

Carnes preparadas fritas em imersão aumentam o grau de gorduras saturadas, que elevam o colesterol ruim (LDL) que se deposita nas artérias, fazendo crescer o risco de surgirem problemas no coração. Sem falar que o valor calórico do prato também aumenta. “Consuma carnes grelhadas, cozidas ou assadas, que mantêm os benefícios do alimento e são mais saudáveis”, recomenda o nutrólogo.