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Fraqueza causada por Guillain-Barré pode durar três anos; conheça síndrome

Do UOL, em São Paulo

26/02/2016 15h00

Ao menos três mortes são investigadas no Recife como suspeitas de terem relação com a síndrome de Guillain-Barré. Na quarta-feira (25), Arthur da Silva, 33, foi enterrado após ficar dias internado com sintomas suspeitos da síndrome durante o Carnaval. No domingo (21), a síndrome também foi apontada como uma das causas da morte de Ana Paula do Carmo Pereira, 27. Há mais de uma semana, Ivaldo Alves da Costa, 53, morreu em decorrência de choque séptico, infecção do trato respiratório e síndrome de Guillain-Barré, conforme listado no atestado de óbito.

Mortes pela síndrome são consideradas raras. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), apenas entre 3% e 5% dos pacientes com Guillain-Barré morrem de complicações resultantes da paralisia muscular, como controle respiratório, infecção sanguínea, coágulos nos pulmões e paradas cardíacas. O número de pessoas que desenvolvem a síndrome também é pequeno, o índice varia de 0,4 a 4 casos a cada 100 mil habitantes.

“Não há necessidade de alarme na população. Com o vírus da zika isso aumenta, mas ainda é uma doença rara. Ainda não sabemos se esse aumento é sazonal. Devemos ficar preocupados com a doença e usar medidas preventivas contra o mosquito”, afirma o professor titular de Neurologia da UFF (Universidade Federal Fluminense), Osvaldo Nascimento.

O Brasil registrou no ano passado 1.868 casos de internação pela síndrome, uma média de mais de cinco internações por dia. Na comparação com 2014, o aumento foi de 29,8%. O aumento está sendo associado ao surto do vírus da zika ocorrido no ano passado no país.

A síndrome de Guillain-Barré acontece quando o corpo da pessoa é atacado por vírus ou bactérias e passa a desenvolver uma reação "exagerada" à ação desses microrganismos. O sistema imunológico passa a combater não só o corpo estranho, mas a atacar as próprias células do corpo, ou seja, células dos nervos periféricos, responsáveis pelo movimento dos músculos e sensibilidade dos nossos membros superiores e inferiores.

No início, a pessoa sente formigamento nas mãos e nos pés, além de uma sensação de fraqueza que se inicia nos membros inferiores e se espalha para as mãos e o rosto. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, por isso esses sintomas podem evoluir para paralisação de pernas, braços e dos músculos da face. Em até 25% dos casos, os músculos do tórax são afetados, o que pode tornar a respiração complicada. Cerca de 30% dos pacientes sentem fraqueza residual até três anos do início da condição.

Não há cura conhecida. Durante a fase aguda, a síndrome é tratada com troca de plasma, para remover os anticorpos do sangue, e aplicação de imunoglobulina, para que a doença estacione. Tipicamente, os sintomas duram apenas algumas semanas. Há casos, em que a fraqueza muscular persiste após a fase aguda, nesses casos a fisioterapia é recomendada para que o paciente recupere os movimentos perdidos.

Relação com a zika

OMS (Organização Mundial de Saúde) investiga se o aumento do número de casos da síndrome verificados no Brasil, Colômbia, Polinésia Francesa, El Salvador, Suriname e Venezuela, tem a ver com o surto do vírus da zika vivenciado por países latino-americanos.

No Brasil, o Estado que mais registrou aumento nas notificações foi Alagoas. Nos 11 primeiros meses de 2015, houve um crescimento de 517% nos casos notificados, em relação à média de casos nos mesmos períodos dos anos anteriores. Ele é seguido da Bahia, com 196,1%, Rio Grande do Norte, com 108,7% e Piauí, com 108,3%. Os casos cresceram também no Espírito Santo (78,6%) e no Rio (60,9%).