Estado de saúde de Shimon Peres melhora, mas ainda é grave

Ramat Gan, Israel, 14 Set 2016 (AFP) - O ex-presidente e prêmio Nobel da Paz Shimon Peres seguia nesta quarta-feira em estado crítico, mas uma leve melhora aumentava as esperanças após um grave acidente vascular cerebral, aos 93 anos.

"Após 24 horas de exames, posso dizer que continua em estado crítico, mas observamos certa melhora", disse o professor Yitzhak Kreiss, diretor do hospital Tel Hashomer de Ramat Gan, perto de Tel Aviv, onde o nono presidente israelense foi internado de urgência na noite de terça-feira.

Peres ainda se encontra anestesiado e respira com a ajuda de aparelhos, mas por vezes está consciente e os médicos tentam reduzir a sedação para poder examiná-lo, disse Kreiss.

O também várias vezes ministro e primeiro-ministro israelense sofreu na terça-feira um acidente vascular cerebral com hemorragia.

Segundo seu médico pessoal e genro, Rafi Walden, sua condição neurológica não obriga a que seja sedado, mas os médicos decidiram anestesiá-lo "para que tudo seja mais fácil para ele".

O neurocirurgião Zeev Feldman também falou de "otimismo prudente" ante as fases de consciência parcial do paciente.

Ressaltou que as próximas 48 a 72 horas serão cruciais: a situação de Peres é estável, mas podem ocorrer "evoluções ruins".

Os médicos prometeram novos boletins de saúde na noite desta quarta-feira e na manhã de quinta.

Peres havia sofrido em janeiro passado dois alertas cardíacos em apenas dez dias. Foi hospitalizado em 14 de janeiro após um pequeno acidente cardiovascular, que requiriu a implantação de um cateter para alargar uma artéria. Saiu do hospital cinco dias depois, mas retornou posteriormente devido a uma arritmia.

Desde que foi divulgado na terça-feira que Peres havia tido um acidente vascular cerebral, sua evolução é acompanhada com apreensão em Israel.

- "Todo o povo espera" -Os familiares de Peres receberam mensagens de apoio em todo o mundo, declarou seu filho.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu rapidamente à notícia da hospitalização, exatamente no aniversário da assinatura dos primeiros Acordos de Oslo, em Washington, em 1993, dos quais Peres foi um dos artífices.

"Desejo ao ex-presidente uma recuperação rápida. Shimon, gostamos de você e o povo espera sua recuperação", escreveu Netanyahu em sua página do Facebook.

"Sigo com preocupação as notícias do hospital", reagiu Reuven Rivlin, que sucedeu Peres na presidência de Israel. "Rezo com todo o povo pela recuperação do meu amigo Shimon".

"Desejamos ao nosso querido ex-presidente Shimon Peres uma recuperação rápida para que possamos, novamente, ouvir suas sábias palavras", tuitou o chefe da oposição trabalhista, Isaac Herzog.

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio também expressou sua preocupação.

"Meus pensamentos e minhas orações estão com o presidente Shimon Peres para seu próprio restabelecimento. Um patriarca da paz e do progresso", disse no Twitter Nickolay Mladenov.

- Segredo da longevidade -Shimon Peres, um dos artífices dos Acordos de Oslo, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1994, conjuntamente com o então premier israelense, Yitzhak Rabin, e o presidente palestino Yasser Arafat, ambos falecidos.

Último político vivo da geração dos pais fundadores de Israel, Peres, que ocupou ministérios em vários governos, assumiu em várias ocasiões o cargo de primeiro-ministro e, posteriormente, o de presidente do Estado hebreu, de 2007 a 2014. Ocupou praticamente todos os cargos de alto nível no país, da Defesa, passando pelas Finanças e também pela Política Externa.

Aos 93 anos, permanece sendo uma figura muito ativa, através de seu Centro Peres para a Paz, que promove a convivência entre judeus e árabes.

Entre suas duas internações no hospital em janeiro afirmou sua vontade de "voltar ao trabalho" e "continuar servindo ao nosso belo país que tanto amo".

Presente na cena política desde a criação de Israel, em 1948, Peres confessou que o segredo de sua longevidade é fazer exercício diariamente, comer pouco e beber um ou dois copos de um bom vinho.

A internação de Peres coincide com uma etapa sombria no processo de paz entre israelenses e palestinos, pelo qual tanto lutou: não há perspectiva de solução à vista e a ideia de que os Acordos de Oslo estão sepultados ganha força.

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