Gaza retrocede 20 anos e precisará de US$ 40 bilhões para reconstrução
A reconstrução da Faixa de Gaza custará até US$ 40 bilhões e a região já retrocedeu em 20 anos em termos econômicos e sociais. A constatação é do Escritório Regional para os Estados Árabes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (cuja sigla é Pnud), que avalia que apenas a fase inicial de recuperação deve durar de três a cinco anos e custará cerca de US$ 2 bilhões.
A Faixa de Gaza vem sendo bombardeada por Israel desde o início de outubro. Grandes áreas do enclave foram reduzidas a escombros e mais de 34.500 pessoas foram mortas.
A ONU acredita que vai precisar arrecadar dinheiro com doadores internacionais para um fundo que pode ser criado para administrar a eventual reconstrução. Os recursos serão usados principalmente para remover detritos, garantir que os serviços básicos estejam funcionando e iniciar a reforma de algumas casas.
A limpeza e a reconstrução das áreas destruídas serão lentas e perigosas devido às ameaças de minas e mísseis enterrados sob os prédios desmoronados ou danificados. A ONU estima que apenas essa limpeza de bombas não detonadas leve 14 anos para ser realizada.
Outra constatação é que 26 dos 30 municípios de Gaza deixaram de funcionar. Os serviços civis e as comunidades não têm mais nenhum tipo de maquinário, não podem gerenciar resíduos sólidos e não podem fornecer nenhum serviço municipal.
Até o momento, o Pnud calculou que mais de 70% das casas em Gaza foram destruídas, mas o número pode chegar a 80% ou 90% à medida que a guerra continua. A guerra ainda criou 37 milhões de toneladas de detritos.
Estima-se que a economia palestina tenha perdido 8,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto) real em 2023 e 25,8% em 2024 — o equivalente a US$ 6,9 bilhões nos primeiros seis meses da guerra.
Situação humanitária já era crítica
Sob o bloqueio de Israel há 16 anos, Gaza já vivia uma situação humanitária considerada crítica e a pobreza e a fome dominavam seus 2 milhões de habitantes antes da atual guerra. Neste período, quatro conflitos atingiram a região. De um lado, grupos palestinos acusavam Israel de transformar Gaza em uma prisão a céu aberto. De outro, israelenses acusavam o Hamas de usar o sofrimento dos civis para justificar seus objetivos políticos.
Segundo a ONU, as taxas de pobreza na comunidade de refugiados palestinos, que constituem a maioria da população de Gaza, estão em torno de 81,5%.
O PIB per capita de Gaza — de cerca de US$ 1.000 por ano — era antes da guerra quatro vezes menor do que o dos países vizinhos ou mesmo o da Cisjordânia.
Antes mesmo dos ataques, a ONU alertava que Gaza estava em "suporte de vida", com 80% da população dependente de assistência humanitária.
Três em cada quatro habitantes de Gaza dependiam de assistência alimentar emergencial e, apesar desse apoio, a taxa de insegurança alimentar grave aumentava. A taxa de desemprego em 2021 foi de 47%, sendo que a taxa geral de desemprego entre os jovens foi de 64%.
1,1 milhão de refugiados palestinos recebiam assistência alimentar da UNRWA — a agência da ONU para os refugiados palestinos —, em comparação com apenas 80.000 em 2000. Isso representa um aumento de 1.324%.
Entre 2007 e 2022, 292 dos poços de água em Gaza, usados para consumo doméstico e para plantações, foram danificados ou destruídos pelas forças de segurança israelenses. Oitenta e um por cento da água extraída dos aquíferos de Gaza não atende ao nível qualidade da água estabelecido pela OMS.
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