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Sindicalista mexicana é presa por desvio de verba

27/02/2013 10h24

CIDADE DO MÉXICO, 27 FEV (ANSA) - A chefe do sindicato mexicano dos professores de educação básica, Elba Esther Gordillo, foi presa no aeroporto da cidade de Toluca, a cerca de 70 quilômetros da Cidade do México, após uma denúncia apresentada pela Unidade de Inteligência Financeira do Ministério da Fazenda, que a acusou de realizar "operações com recursos de procedência ilícita".

O procurador-geral do México, Jesús Murillo, informou que as autoridades policiais descobriram uma operação de 2,6 milhões de pesos (cerca de R$ 400 mil) realizada por uma mulher chamada Nora Ugarte.

A investigação revelou que a verba provinha de duas contas bancárias pertencentes à União Nacional de Trabalhadores da Educação (UNTE), o maior sindicato da América Latina, que reúne cerca de dois milhões de professores, e do qual Esther Gordillo é presidente.

Segundo Murillo, entre 2008 e 2012, "foram sistematicamente desviados recursos de contas de trabalhadores da educação, obviamente do UNTE, para contas de pessoas físicas. Estes fundos foram em grande parte retirados mediante cheques e dinheiro e transferências para contas de pessoas físicas, pessoas jurídicas e de estrangeiros".

"Esse dinheiro saiu das contas dos funcionários do sindicato e, entre outras coisas, foi usado para pagar um cartão de crédito na Neiman Marcus, por uma conta que equivale a cerca de US$ 3 milhões", disse o procurador, se referindo a 22 transferências feitas por Nora Ugarte para a Neiman Marcus, uma cadeia de lojas de departamento dos Estados Unidos.

Murillo também relatou que alguns depósitos foram realizados em contas na Suíça feitas a partir de uma empresa da qual a mãe de Gordillo, já falecida, tinha 99% das ações. Esta conta foi usada para comprar pelo menos duas propriedades na Ilha de Coronado, perto da cidade de San Diego, na Califórnia, onde vive Esther Gordillo.

Elba Esther Gordillo, influente sindicalista mexicana, estava levando adiante uma forte batalha contra o governo, especialmente contra o Ministério da Educação, opondo-se à reforma que prevê a implementação de testes de avaliação para os professores.

Esther Gordillo tinha sido designada "líder moral" e dirigente "vitalícia" do sindicato dos professores. Seu poder lhe permitiu de desafiar várias vezes o governo mexicano.

Dona de muitas propriedades, incluindo um apartamento de luxo no exclusivo bairro de Polanco e uma mansão em La Joya, na Califórnia, e famosa por usar bolsas de milhões de dólares, a mulher também viajava em jatos e helicópteros particulares.

Ela disse que, como líder, ganharia cerca de 80 mil pesos por mês (cerca de R$ 13 mil), mas o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, que era seu amigo, costumava dizer que cada ano seu sindicato recebia verbas por cerca US$ 100 milhões.

Alguns analistas comentaram que a prisão da líder sindical era "questão de tempo".