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A 1 ano das Olimpíadas, poluição é o maior problema

04/08/2015 20h38

Por Lucas Rizzi SÃO PAULO, 04 AGO (ANSA) - Mal houve tempo para as lembranças da Copa do Mundo de 2014 se perderem na memória dos brasileiros e o país já começa a entrar na reta final dos preparativos para mais um megaevento esportivo. Daqui a um ano, a cidade do Rio de Janeiro receberá pela primeira vez uma edição dos Jogos Olímpicos e, assim como às vésperas do Mundial da Fifa, não são poucos os temores quanto ao sucesso das competições.   


Se é verdade que as obras da maioria dos equipamentos estão dentro do cronograma, um problema em específico tem causado sérios danos à imagem do Brasil e da capital fluminense no exterior: a poluição. Na semana passada, um relatório divulgado pela "Associated Press" revelou níveis alarmantes de vírus e bactérias de esgoto humano nas águas da Baía de Guanabara, da lagoa Rodrigo de Freitas e da praia de Copacabana.   


Esses locais receberão, respectivamente, as provas de iatismo; remo e canoagem; e triatlo e maratona aquática, mas o estudo diz que os competidores correrão sério risco de contrair doenças se tiverem contato com água contaminada.   


"Foi uma promessa em vão, um discurso vazio. O que vai ter é um plano de contingência para reduzir a quantidade de resíduos flutuantes na Baía de Guanabara. A preocupação é minimizar o estrago da poluição. Nós alertamos, o correto seria fazer as competições em Búzios, que é reconhecida internacionalmente como um dos melhores lugares para competições de vela, com ventos mais fortes e constantes e águas absolutamente limpas, mas prevaleceu a arrogância", diz o velejador e medalhista olímpico Lars Grael.   


De fato, o balneário situado a 176 km do Rio se ofereceu para sediar as provas, mas essa hipótese já foi rechaçada pela organização das Olimpíadas, que prometeu garantir a saúde e a qualidade de vida dos atletas durante o evento. Para o iatista, o local terá condições de receber as disputas sem oferecer risco de contágios, porém o principal objetivo dos Jogos, ao menos neste caso, não será alcançado.   


"Nos Jogos Olímpicos, a palavra de ordem chama-se 'legado'. O legado que esperávamos oferecer era a Baía de Guanabara com águas em condições satisfatórias para a prática de vela. A água é poluída. Em todas as outras Olimpíadas, nunca teríamos competido com condições ambientais tão degradadas", acrescenta.   


Contudo, nos outros equipamentos as intervenções avançam em bom ritmo. Ainda que não exista margem para eventuais atrasos, a maioria deles está dentro do cronograma e deve ser entregue no segundo semestre deste ano. Outros, como a Arena Rio - que receberá provas de ginástica artística -, o Estádio Aquático e algumas obras do Complexo Esportivo de Deodoro, ficarão para o ano que vem, mas a tempo de realizarem eventos-teste.   


O hotel do Parque Olímpico, onde ficarão hospedados os atletas, também será concluído apenas em 2016, mas dentro do prazo estipulado pelos organizadores. Até o momento, o custo dos Jogos do Rio de Janeiro está estimado em pouco mais de R$ 38 bilhões, sendo que R$ 24,6 bilhões estão sendo destinados a obras de infraestrutura urbana e transportes. As instalações esportivas em si e o orçamento do Comitê Organizador Rio-2016 custarão R$ 13,6 bilhões.   


Medalhas - Como costuma acontecer, o bom desempenho do Brasil nos Jogos Pan-Americanos elevou as expectativas do público sobre os atletas. Neste ano, em Toronto, o país ficou em terceiro lugar no quadro de medalhas (mesma posição das últimas duas edições), com 41 ouros, 40 pratas e 60 bronzes.   


Para o Rio de Janeiro, a meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é ficar entre as 10 melhores nações em número de pódios.   


Em Londres, a delegação nacional foi a 16ª com mais medalhas, sendo três ouros, cinco pratas e nove bronzes. Neste cenário, atletas como Arthur Zanetti (ginástica), Cesar Cielo (natação) e Ana Marcela Cunha (maratona aquática), além das equipes de vôlei e futebol, despontam como fortes candidatos ao ouro.   


"A preparação do Brasil para as Olimpíadas é a melhor de todos os tempos, tanto em termos de antecedência como de investimentos", afirma Lars Grael, que também é presidente da Comissão Nacional de Atletas do Ministério do Esporte.   


No entanto, ele ressalta a importância de 2016 não ser um "ponto final", mas apenas o pontapé inicial de uma política esportiva consistente. "O sucesso brasileiro só será medido em 2020 e 2024. Ou seja, se em 2020 e 2024 tivermos um resultado compatível com o de 2016, isso mostrará um crescimento sustentável. Outros países já sediaram Olimpíadas com um desempenho anormal e depois voltaram a um patamar de mediocridade." (ANSA)
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