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Testemunhas relatam o horror que viveram nos atentados em Bruxelas

Michael Villa/ AFP
Imagem: Michael Villa/ AFP

Em Roma

22/03/2016 20h38

A cidade de Bruxelas foi marcada por caos, terror e medo na manhã desta terça-feira (22). O motivo foi os dois ataques reivindicados pelo grupo jihadista EI (Estado Islâmico) que atingiram a área de check-in de um aeroporto e uma estação de metrô, deixando mais de 30 mortos e centenas de feridos.

No meio da confusão e da correria, pessoas que estavam nos dois locais e sobreviveram, ou que apenas estavam próximas, deram depoimentos emocionantes sobre o que presenciaram.

Rodolph Devilles, trabalhador que estava próximo à estação de metrô de Maelbeek e ajudou a socorrer vítimas

"Foi um horror. Estávamos começando a trabalhar na rue de La Loi, perto da estação de metrô, quando, às 9h10, aconteceu a explosão. Fomos para a rua rapidamente para ajudar. Vi uma menina de três anos com o braço queimado. Ela chorava. Procurava seus pais e, no fim, foi acompanhada por uma mulher que estava em pânico e não queria entrar no ônibus das autoridades que evacuavam o local porque tinha medo que ele também pudesse explodir. As pessoas sangravam e estavam queimadas, não sabiam onde estavam. Elas estavam desorientadas e em pânico. Foi um horror e, para elas, um inferno. Tenho tudo guardado na memória, não esquecerei jamais."

Massimo Medico, funcionário de uma empresa de logística que trabalha na Comissão Europeia e tinha acabado de sair do metrô

"Não desejo a ninguém ver a cena diante da qual me encontrei. Foi horrível. As pessoas gritavam, choravam, estavam feridas, queimadas e com dores em toda parte. Tentamos colocar todos para fora da estação da melhor maneira possível. Enquanto isso, as ambulâncias começaram a chegar. Nós também demos uma mão para os socorristas porque no início eram poucos. Nós tentamos fazer o melhor possível."

Francesco Cisterino, consultor italiano que vive em Bruxelas

"Não imaginávamos que isso pudesse ter acontecido de verdade e nem que tivesse chegado e este ponto. Indo para o trabalho, eu vi pessoas chorando na rua, estavam fazendo com que os passageiros dos táxis descessem para um controle de segurança. Eles estavam verificando todo mundo. Uma colega minha que estava no metrô teve de descer do vagão com outros passageiros e todos tiveram de caminhar nos trilhos para sair da estação. Todas as linhas telefônicas travaram enquanto os seguranças checavam. Desta vez foi realmente feio."

Larissa, funcionária do aeroporto de Zaventem

"O meu namorado se salvou, mas poderia ter sido a minha vez. Falei com ele e está tudo bem. Estava trabalhando no controle de bagagens e passageiros, a mesma função que a minha. Ele me disse que ouviu duas explosões um pouco antes das 8h, na área anterior aos controles de segurança. Tinha sangue em todo lugar. Ele disse que viu um grande fuzil no chão. Ele se escondeu no banheiro, mas logo a polícia e os soldados evacuaram toda a área, desde os portões de embarque até as pistas."

Hussein e Akhtar Pervez, paquistaneses que estavam no aeroporto de Zaventem e esperavam o voo para Sialkot

"Isso não é o Islã, isso não é o Islã. Eram 8h05, já tínhamos passado pelo controle de segurança e estávamos no setor de perfumes do Duty Free. Ouvi um barulho e o teto de vidro caiu sobre nós. Dois segundos depois, houve outra explosão, mas desta vez vinha de fora, nas nossas costas. Estou feliz por estar bem, mas também estou mal. A situação foi muito feia. Não sei se tudo isso foi por causa da captura de Salah Abdeslam [um dos suspeitos dos atentados de Paris de novembro do ano passado] ou ainda por menos. Ninguém sabe. As pessoas estão assustadas com os islâmicos. O mundo está mudando. Tudo é muito difícil, guardas passam do seu lado e não sabem se você é bom ou mau. De qualquer forma, as minhas férias acabaram por aqui. Eu vou para casa e pegarei o primeiro trem que encontrar."