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Análise: Será o fim da 'lua de mel' de Mauricio Macri na Argentina?

25.mai.2016 - Manifestantes protestam em frente à Catedral Metropolitana, enquanto Mauricio Macri participa das comemorações da Revolução de 25 de Maio - Eitan Abramovich/AFP
25.mai.2016 - Manifestantes protestam em frente à Catedral Metropolitana, enquanto Mauricio Macri participa das comemorações da Revolução de 25 de Maio Imagem: Eitan Abramovich/AFP

Marcelo Izquierdo

Em Buenos Aires (Argentina)

25/05/2016 18h10

O difícil panorama econômico e social que vive a Argentina está custando caro para o presidente Mauricio Macri, cuja popularidade caiu mais de dez pontos, como indicam pesquisas.

A última sondagem do Centro de Estudos de Opinião Pública (Ceop) apontou que 46,5% da população apoia o governo do mandatário, que assumiu o poder em 10 de dezembro de 2015, enquanto 50,8% são contra.   

Sem dúvidas, a inflação é o tema que mais gera críticas a Macri, sendo que algumas pesquisas apontam um índice de quase 40% anual, comendo o bolso dos argentinos.

A inflação, no entanto, não é o único ponto que desagrada a população, cansada do governo atribuir os problemas "à herança" dos anos de Cristina Kirchner no poder.

"Acredito que estamos bem, confiem", declarou Macri, que periodicamente faz fortes críticas ao governo anterior, com alegações de má administração, numerosos casos de corrupção e desordem nas contas fiscais, enquanto promete um futuro melhor, após uma série de ajustes na economia local.   

No ano passado, a taxa, apesar da escassa credibilidade das cifras divulgadas pelos kirchneristas, rondava os 25%. Além disso, os "tarifaços", o aumento dos preços das contas de luz, água e gás, que por anos estiveram congelados, assim como de produtos da cesta básica, representaram um golpe duríssimo para os trabalhadores.   

Contribui para a queda da popularidade do governante ainda uma onda de demissões nos setores público e privado, que alarmou os fortes sindicatos locais, que avaliam uma greve geral. 

Um estudo do Centro Economía Política Argentina (Cepa) revelou que, apenas entre dezembro e março, houve 141.542 demissões no país, sendo 52% no âmbito privado. Como resposta, o Parlamento, onde a legenda governista não tem maioria, conseguiu aprovar uma "lei contra demissões", que congela durante o período de 180 dias as destituições. O presidente, no entanto, já revelou ter a intenção de vetar a medida, pagando um elevado preço.   

Para o analista político do Centro de Estudios para una Nueva Mayoría Rosendo Fraga, Macri completou cinco meses de governo "com uma crise em sua estratégia política que se faz evidente na perda de controle tanto no Congresso como nas ruas".   

O diretor do Centro de Estudios de Opinión Pública, Roberto Bacman, por sua vez, acredita que a "economia, a inflação e agora a percepção do desemprego contribuem de maneira notável para o mau humor social que existe neste momento em nosso país", especialmente entre a classe trabalhadora.-