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Corrida de F1 é realizada no Bahrein apesar de polêmicas

22/04/2012 10h51

O polêmico GP de Fórmula 1 do Bahrein foi realizado neste domingo, apesar de protestos antigoverno e críticas de que a realização da prova sinalizaria complacência com o regime bareinita.

Um forte esquema de segurança manteve os protestos longe das pistas de corrida, enquanto no leste da capital bareinita, Manama, manifestantes montavam barreiras e queimavam pneus.

O GP do Bahrein havia sido cancelado em 2011, por causa da repressão do país a manifestantes da Primavera Árabe - especificamente, depois de um episódio que deixou 35 mortos. Críticos do regime bareinita pediam um novo cancelamento neste ano, alegando que a realização da prova simbolizaria uma legitização internacional do governo do rei Hamad Al Khalifa, cujo clã sunita governa a ilha há mais de 200 anos.

Mas os organizadores da Fórmula 1 alegaram que não havia motivos para suspender a realização da prova. A corrida foi vencida pelo alemão Sebastian Vettel, e os brasileiros Felipe Massa e Bruno Senna ficaram, respectivamente, em 9º e 22º.

Os dias antes do Grande Prêmio foram marcados por fortes protestos no Bahrein, em geral por parte da população xiita que, apesar de majoritária, se diz marginalizada no país.

Na sexta-feira, violentos protestos culminaram em uma morte, que o governo prometeu investigar. E as manifestações continuaram ao longo do sábado e do domingo.

Testemunhas dizem que o governo montou postos de checagem perto do circuito do GP e destacou policiais armados para patrulhar ruas dos arredores.

Reformas

O Bahrein é um dos países do Oriente Médio a registrar levantes relacionados à Primavera Árabe.

Ao longo dos últimos anos, o país vinha implementado mais garantias de liberdade de expressão, e monitores apontavam melhoras na situação de direitos humanos. Porém, em meio aos protestos do mundo árabe em 2011, o governo bareinita pediu ajuda a militares sauditas para sufocar as manifestações, que pediam mais benefícios à maioria xiita.

Em meio a pedidos por mais abertura, o rei Hamad Al Khalifa disse, neste sábado, estar "comprometido" com reformas no reino.

"Quero deixar claro meu compromisso pessoal com reformas e com a conciliação. A porta está sempre aberta ao diálogo", afirmou em comunicado, pouco depois de a polícia bareinita ter dispersado uma multidão de manifestantes que foi às ruas do país no sábado.

O governo estava ávido por manter a corrida de F1 deste ano com o objetivo de provar que os levantes no país - em curso há 14 meses, ainda que em menor intensidade que na Síria - estão sob controle.

No entanto, explica a correspondente da BBC no local, Caroline Hawley, é possível que o resultado tenha sido justamente o contrário: a polêmica envolvendo o evento esportivo acabou lançando ainda mais luz sobre os problemas políticos do pequeno país do golfo Pérsico.