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Para Putin, ativistas presos do Greenpeace 'não são piratas'

25/09/2013 08h46

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (25) que os ativistas do Greenpeace detidos enquanto protestavam contra a exploração de petróleo no Ártico "não são piratas".

"É totalmente evidente que eles, claro, não são piratas", afirmou Putin, durante um fórum sobre o Ártico.

O grupo, formado por 30 ativistas de diferentes países, entre eles a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos, foi detido por autoridades russas após dois de seus integrantes terem escalado uma plataforma da Gazprom, a estatal de petróleo e gás do país, no Mar de Barents.

A declaração de Putin ocorre um dia depois de o Comitê Investigativo da Rússia (autarquia com funções semelhantes à polícia federal brasileira) afirmar que "os ativistas mais ativos" poderiam ser acusados de pirataria. Na Rússia, a pena para esse crime pode chegar a até 15 anos de prisão e render multas de até 500 mil rublos (R$ 33 mil).

O presidente russo, por outro lado, afirmou que os ativistas "violaram as leis internacionais" ao tentar tomar o controle da plataforma.

Segundo o correspondente da BBC em Moscou Daniel Sandford, a Rússia vê suas reservas de combustível fóssil no Ártico como vitais para o futuro de sua economia. Por isso, qualquer ameaça à região é encarada seriamente, acrescenta.

Inicialmente, os ativistas foram levados à sede do Comitê de Investigação Russo em Murmansk após o navio em que estavam, o Artic Sunrise, ter sido interceptado pela guarda costeira no Mar do Norte na última quinta-feira.

Na manhã desta quarta-feira, entretanto, o escritório do Greenpeace na Rússia informou na rede social Twitter que os ativistas foram transferidos para diferentes prisões em Murmansk e nas proximidades da cidade.

Brasileira

O Greenpeace Brasil disse que a organização ainda não recebeu nenhuma notificação formal de que os ativistas serão processados.

A brasileira recebeu nesta terça-feira a visita de uma funcionária do Consulado do Brasil em Moscou que esteve a bordo do navio Artic Sunrise, segundo o Itamaraty.

A assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores informou que a ativista se encontra aparentemente bem e que, neste momento, já está em terra firme, ainda sob custódia.

O Itamaraty acrescentou que está acompanhando o caso e que tenta outro encontro com a brasileira. O ministério informou ainda que um advogado da ONG Greenpeace está a cargo da defesa dos tripulantes.

Em nota, o Greenpeace reagiu à detenção, alegando que estava em águas internacionais, e rechaçou as acusações de pirataria feitas pelas autoridades russas.

"A alegação de que o Greenpeace cometeu pirataria é uma medida desesperada. Os ativistas escalaram a plataforma de petróleo da Gazprom apenas com cordas e faixas com mensagens, para uma ação completamente pacífica e segura contra uma exploração de altíssimo risco na região. O crime de pirataria não se aplica a protestos seguros e pacíficos", disse o advogado-geral do Greenpeace Internacional, Jasper Teulings, em um comunicado divulgado pela ONG.

Além da bióloga brasileira, o grupo tem ativistas de outros países como Argentina, Austrália, Canadá, Dinamarca, Suécia, Suíça e Estados Unidos.