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PT amplia e PSDB perde tempo eleitoral em relação a 2010

João Fellet

Da BBC Brasil, em Brasília

01/07/2014 06h48

Encerrado na segunda-feira (30) o prazo para a definição de alianças partidárias para as próximas eleições, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, garantiu um tempo de propaganda eleitoral gratuita superior ao que teve no último pleito.

Já o PSDB do senador Aécio Neves, segundo colocado nas pesquisas, terá à disposição uma faixa de tempo bastante inferior à que seu partido obteve em 2010.

Segundo cálculos baseados no número de partidos que anunciaram candidatura à Presidência, Dilma terá 11 minutos e 25 segundos em cada bloco de propaganda eleitoral - 47 segundos a mais do que teve em 2010.

O candidato tucano, por sua vez, deverá ter quatro minutos e 36 segundos de tempo eleitoral, a segunda maior fatia entre os candidatos.

O acréscimo no tempo do PT se deveu, principalmente, à entrada na coalizão governista do PSD, do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, dono da terceira maior bancada na Câmara dos Deputados.

Esse fator compensou as defecções do PSB – que lançou o ex-governador pernambucano Eduardo Campos à Presidência – e do PTB, que surpreendeu ao ingressar na chapa de Aécio. A coalizão governista é apoiada por PMDB, PDT, PP, PR, PC do B, Pros e PRB.

Já o PSDB viu seu tempo diminuir em relação à campanha presidencial de José Serra, em 2010, que contou com sete minutos e 18 segundos. A explicação foi a redução das bancadas que apoiam o partido e à saída da chapa do PPS, que apoiará Eduardo Campos. A campanha Aécio é apoiada por PTB, Solidariedade, DEM, PTC, PT do B e PMN.

Terceiro colocado nas pesquisas, o candidato do PSB terá a terceira maior fatia: dois minutos e quatro segundos. Em 2010, a então candidata do PV à Presidência e hoje vice de Campos, Marina Silva, teve um minuto e 26 segundos. Além do PPS, apoiarão Campos duas siglas nanicas: o PRP e o PHS.

Os demais candidatos à Presidência – entre os quais Pastor Everaldo, do PSC, Luciana Genro, do PSOL, e Eduardo Jorge, do PV – terão cerca de um minuto cada um.

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Mesmo com o crescimento da internet, e portanto de novas técnicas de campanha eleitoral, os blocos de propaganda gratuita na TV e no rádio ainda são cruciais para os candidatos, disse à BBC o professor de ciência política da Universidade Federal do Ceará (UFC) Francisco Josênio Camelo Parente.

Uma massa de brasileiros ainda permanece alheia à rede, que, como recurso eleitoral, ainda é um meio subaproveitado pelos partidos, argumenta o acadêmico.

"Eles ainda estão tateando esse recurso, e as iniciativas costumam se dividir entre montar batalhões para acusar ou defender candidatos na rede, o que cria uma confusão para o eleitor", afirma.

Os blocos de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV têm 25 minutos e são veiculados três vezes por semana, nos 45 dias anteriores à antevéspera da eleição.

Além da propaganda nos blocos, os presidenciáveis também terão direito a inserções diárias, com até um minuto cada. Dilma também terá a maior fatia de propaganda nessa modalidade.


Para abocanhar um quinhão disso, explica Parente, os governos se esforçam para costurar alianças, fazendo concessões.

Nas últimas semanas, temendo a deserção do PR da coalizão governista, Dilma cedeu a pressões do partido e nomeou Paulo Sérgio Passos como ministro dos Transportes. Até então, a pasta era comandada por César Borges, também membro do PR mas impopular entre colegas de partido – dizia-se que Borges não recebia correligionários em seu gabinete e resistia a atender seus pedidos.

Além dos Transportes, outros sete ministérios ou secretarias chefiadas por ministros estão nas mãos de siglas aliadas do PT. O PMDB controla quatro deles.

Para Parente, da UFC, as exigências de cargos feitas por partidos aliados "dificultam a governabilidade". "Ter o apoio de vários partidos na eleição pode acabar custando caro mais à frente."  

Corridas estaduais

Se na eleição para a Presidência o PT costurou alianças que lhe garantem uma vantagem confortável em relação aos adversários, nos Estados a disputa eleitoral é mais complexa.

Partidos que nacionalmente apoiam a reeleição de Dilma enfrentarão o PT na disputa para governador em vários Estados ou se aliarão a siglas da oposição. 

Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, por exemplo, candidatos do PMDB disputarão votos com políticos do PT nas disputas para os governos estaduais.

Em outros Estados, como Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, o PMDB se coligou com partidos que, nacionalmente, apoiam a eleição de Aécio Neves ou Eduardo Campos. 

Alianças nacionais e estaduais conflitantes, porém, não são novidade na política brasileira, diz o professor Parente. Segundo ele, as práticas mostram que a maioria dos partidos brasileiros é regida por lógicas locais, em que afinidades ideológicas têm menos peso que arranjos movidos por conveniências.