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Hospital australiano se nega a dar alta a bebê ameaçado de deportação

13/02/2016 16h34Atualizada em 15/02/2016 07h42

Manifestantes se reuniram neste sábado (13) ao redor de um hospital na Austrália para demonstrar apoio à recusa dos médicos de dar alta a uma bebê imigrante ameaçada de deportação.

Segundo a direção do hospital The Lady Cilento, em Brisbane, a menina, de um ano, não deixará as dependências da instituição até que "seja identificado um ambiente domiciliar adequado" para ela.

A criança, cujos pais são imigrantes que buscam asilo na Austrália, sofreu queimaduras graves em um campo de detenção na ilha de Nauru.

O número de requerentes a asilo chegando à Austrália de barco cresceu fortemente em 2012 e no início de 2013. Segundo organizações de direitos humanos, dezenas teriam morrido durante o trajeto.

Para impedir a entrada de imigrantes ilegais, o governo australiano decidiu adotar um pacote de medidas rígido.

Pela nova lei, quem chega ao país nessas condições é imediatamente detido e enviado a campos de detenção em Nauru e na Papua Nova Guiné, segundo um acordo da Austrália com esses dois países.

Aqueles que não recebem asilo são então realocados na Papua Nova Guiné, em Nauru ou no Camboja.

O governo australiano também vem virando embarcações de imigrantes que tentam chegar ao país.

Ellen Roberts, porta-voz do grupo GetUp, disse que os manifestantes se reuniram ao redor do hospital "em solidariedade" aos pais da menina, que estão em Brisbane, e aos médicos.

"Pedimos ao (primeiro-ministro) Malcolm Turnbull que faça a coisa certa e deixe a família permanecer na Austrália", afirmou ela à agência de notícias Reuters.

Mais de 500 pessoas estão atualmente detidas em Nauru, uma pequena ilha no sul do Pacífico.

Em setembro do ano passado, um relatório de uma comissão do Senado australiano afirmou que as condições do centro de detenção na ilha "não eram adequadas, apropriados ou seguras" e que alegações de estupro e abuso deveriam ser investigadas.

Desde então, as instalações teriam melhorado e os requerentes ao asilo podem agora se movimentar livremente pela ilha.

"Todas as decisões relacionadas ao tratamento de um paciente e sua possível alta são feitas por uma equipe médica qualificada, baseada na avaliação integral de sua condição clínica", afirmou o hospital por meio de um comunicado.

A menina sofreu queimaduras graves por causa de um acidente envolvendo água fervente na tenda em que ela vivia com os pais, informou a TV australiana ABC.

Deportação

No início deste ano, a Suprema Corte do país julgou que a detenção extraterritorial é constitucional, abrindo caminho para que o governo deportasse 267 pessoas, incluindo 37 bebês, que foram trazidos para a Austrália para receber tratamento médico.

O caso motivou protestos por todo o país. Milhares de usuários usaram a hashtag #LetThemStay ("Deixe-os ficar", em tradução livre) para criticar a política do governo nas redes sociais.

Em um outro desdobramento, dez líderes protestantes na Austrália ofereceram suas igrejas como abrigo àqueles que enfrentam deportação.

O primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, afirmou que as deportações serão decididas caso a caso e que os imigrantes seriam tratados "com compaixão".

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