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'Ordem é não sair do trabalho': brasileiro relata tensão em Bruxelas

Camilla Costa

Da BBC Brasil em Londres

22/03/2016 08h37

O brasileiro Adriano Marques, de 40 anos, relata o clima de tensão e nervosismo em Bruxelas, na Bélgica, após os ataques na manhã desta terça-feira.

O gerente de TI, que vive na capital belga há oito anos, foi orientado a não sair do prédio da empresa onde trabalha, próximo ao aeroporto da cidade, onde ocorreu as primeiras explosões. Dentro do metrô, no centro, sua mulher chegou a ouvir a segunda.

O governo belga elevou o alerta para terrorismo no país para nível máximo. Nenhum grupo assumiu a autoria dos ataques, mas eles ocorreram quatro dias após a prisão de Salah Abdeslam, principal suspeito pelos atentados de Paris em novembro.

Confira o depoimento à BBC Brasil:

O brasileiro Adriano Marques, 40, relata o clima de tensão e nervosismo em Bruxelas, na Bélgica, após os ataques  - Reprodução - Reprodução
O brasileiro Adriano Marques, 40
Imagem: Reprodução

"Estava levando minha filha na escola hoje pela manhã e ouvi duas funcionárias comentando sobre a explosão no aeroporto, em Zaventem. A empresa onde eu trabalho fica a 5 minutos de lá.

Pelo rádio, soube que a explosão aconteceu no saguão de embarque. Um colega meu estava chegando no estacionamento da empresa e chegou a ouvir a explosão.

Quando cheguei, todo mundo aqui estava conectado à internet ou no telefone, tentando falar com suas famílias. A orientação que temos é de não sair do escritório e todas as atividades que não são essenciais foram interrompidas.

Temos reuniões sempre que há detalhes novos. Em uma delas, ouvi que houve uma terceira explosão desta vez no metrô, justamente na estação de Maelbeek, que é a rota de minha esposa para o trabalho.

Corri para tentar falar com ela e, quando consegui, ela me disse que ouviu a explosão ainda de dentro do trem, quando estava apenas uma estação depois de onde aconteceu. Ela chegou a sentir a pressão do ar nos ouvidos e ficou alguns minutos sem ouvir direito.

Ela não quer pensar muito sobre o que aconteceu, para não ficar mais nervosa.

De certa forma, nós estávamos psicologicamente preparados, sabíamos que coisas assim poderiam acontecer a qualquer momento. Esse clima de tensão não é novo.

Mas a situação é diferente quando um fato concreto acontece e você percebe que também está na linha de frente com sua família."