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Após devastação no Haiti, Matthew pode castigar Flórida duas vezes em uma semana

 Furacão Matthew causa chuva e vento em Adelaide, nas Bahamas - Catherone Chisnell/AFP
Furacão Matthew causa chuva e vento em Adelaide, nas Bahamas Imagem: Catherone Chisnell/AFP

07/10/2016 07h54

Prestes a passar pelos Estados Unidos, o furacão Matthew pode voltar à costa da Flórida em menos de sete dias. Se as previsões estiverem corretas, será a primeira vez que um furacão atinge o mesmo lugar duas vezes.

A rota traçada pelo serviço nacional de meteorologia dos EUA prevê um caminho em "U" para o furacão. Matthew já é considerado o mais poderoso do Atlântico em quase uma década.

A previsão redobrou o estado de alerta na Flórida, apesar de, nas últimas horas, a velocidade dos ventos de Matthew ter caído. O furacão foi rebaixado para a categoria 3 (numa escala de 1 a 5).

O ponto de retorno, de acordo com as previsões do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), seria perto da Carolina do Norte, onde a governadora Nikki Haley pediu às pessoas para saírem do litoral e seguirem para o interior do país.

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Rota traçada pelo serviço nacional de meteorologia dos EUA prevê um caminho em "U" para o furacão
Imagem: NOAA

A "face da morte"

A passagem de Matthew pelo Caribe já deixou mais de 300 mortos, milhares de desalojados e inundações. Além do Haiti, que está totalmente devastado, o furacão também provocou estragos em Cuba e na República Dominicana.

Os danos já causados pelo furacão são tão assustadores quanto algumas das imagens de Matthew, fornecidas pela Agência Espacial dos EUA (NASA).

Numa delas, registrada durante a passagem do furacão pelo Haiti, é possível enxergar semelhança a uma cabeça, com um olho de cor vibrante e um sorriso macabro. A foto viralizou nas redes sociais.

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Imagem do furacão capturada pela Nasa durante passagem do Matthew pelo Haiti foi apelidada de "face da morte"
Imagem: Nasa

De acordo com o governo haitiano ao menos 264 pessoas morreram. Esse número, contudo, pode ser ainda maior. De acordo com o Ministério do Interior do Haiti, ainda não foram contabilizados todos os danos de províncias no sul do país.

Foi justamente no Haiti que o Matthew causou mais destruição. O vento de cerca de 230 km/h derrubou árvores, barrancos e pontes -- além de destruir milhares de casas no Haiti. Militares brasileiros estão ajudando os moradores desde terça-feira.

"Nós não temos mais nada para sobreviver, todas as plantações se foram, todas as árvores frutíferas foram arrancadas, eu não tenho ideia de como isso vai ser resolvido", disse Marc Soniel Noel, vice-prefeito da cidade de Chantal, no Haiti, à Reuters.

A rota prevista para Matthew

O Centro Nacional de Furacões dos EUA prevê que Matthew suba pela costa da Flórida até a Georgia e a Carolina do Sul entre sexta-feira e sábado.

Em seguida, de acordo com a rota prevista, ele faz uma curva e volta em direção às Bahamas, podendo passar novamente pela Flórida na próxima quinta-feira.

Pelas previsões, o retorno de Matthew seria, contudo, como uma tempestade tropical, com ventos bem mais fracos.

Na Flórida, o mar já está revolto. Em Daytona Beach, por exemplo, as autoridades determinaram um toque de recolher obrigatório até sábado.

A procura por água e comida esvaziou prateleiras de supermercados. O furacão também levou moradores a reforçar portas e janelas. Muitas famílias estão sendo transferidas para abrigos coletivos de áreas com risco potencial de serem afetadas.

Menos potência

Apesar do estado de alerta na Flórida, o meteorologista Phil Klotzbach, da Universidade do Colorado, avalia que a tendência é uma redução significativa da potência de Matthew.

"Me surpreenderia se ele conseguir manter essa intensidade por tanto tempo", declarou Klotzbach ao jornal norte-americano USA Today.

A expectativa é que uma nova tempestade tropical, batizada de Nicole, forme uma barreira e, assim, contenha o avanço de Matthew. Isso deve acontecer nos próximos dias.

Não há registros de um mesmo furacão que tenha atingido uma região duas vezes. Em 2005, o Ofélia também deu um giro, passando pelas Bahamas, Flórida, Carolina do Sul e do Norte, mas não voltou a nenhum desses lugares.