'Destruam nossos filhos antes de nossas igrejas': cristãos iraquianos falam sobre devastação deixada pelo EI em Mossul
Quando o Estado Islâmico (EI) avançou sobre o território do Iraque, em 2014, milhares de cristãos foram os primeiros a deixar o país. Os poucos que restaram sob domínio do EI foram mortos ou forçados a se converter ao Islã. Agora, com a ofensiva do exército iraquiano sobre o local, alguns cristãos estão retornando às suas casas - e à sua religião.
Mossul, segunda maior cidade do Iraque, foi tomada pelo EI em junho de 2014. Localizada em uma província rica em petróleo e próxima da Síria - e das posições do EI no deserto - a cidade se tornou símbolo do poder dos extremistas. Foi ali que seu líder máximo, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou um "califado".
Por isso, desde o dia 17 de outubro, uma força de ataque formada por 50 mil combatentes iraquianos, entre soldados, guerrilheiros peshmerga (como são conhecidos os curdos iraquianos), tribos sunitas e milicianos xiitas - assistidos por aviões militares e consultores de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos - luta para reconquistar Mossul.
A batalha ainda está longe do fim, mas muitos têm conseguido escapar em meio aos combates e fugir para campos de refugiados ou para outras cidades no Iraque.
Uma delas é a cidade de Qaragosh. No mês passado, o exército iraquiano retomou o controle sobre a cidade, considerada a mais importante para os cristãos locais antes da invasão. Lá, as igrejas foram destruídas, estátuas de Maria decapitadas e crucifixos queimados pelo EI.
"Eu preferia perder meus filhos do que ver a igreja assim", disse uma mulher à BBC.
Já Ismail, um jovem de 16 anos, e sua mãe foram forçados pelo Estado Islâmico a se converter ao Islã. "Eles me disseram 'não há outro Deus além de Alá' e 'você será um muçulmano'. Eu disse 'não há outro Deus além de Jesus' e ele me bateu", contou.
"Ele apontou uma arma na minha cabeça e disse à minha mãe 'se você não se converter ao Islã, vamos matar seu filho'", disse Ismail à BBC.
De volta a uma igreja perto de sua casa, Ismail espera começar uma nova vida. Mas para ele - e para milhares de outros cristãos no Iraque - o futuro ainda é incerto.
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