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Para sair da crise, líbios votam em clima de relativa calma

Funcionários manuseiam cédulas em uma sessão eleitoral em Trípoli, na Líbia - Hamza Turkia/Xinhua
Funcionários manuseiam cédulas em uma sessão eleitoral em Trípoli, na Líbia Imagem: Hamza Turkia/Xinhua

25/06/2014 20h40

A Líbia realizou nesta quarta-feira (25) as eleições legislativas-chave para superar a complexa crise que atravessa, em um clima marcado por relativa calma, a exceção das localidades orientais de Bengasi e Derna.

Desde o começo da manhã e até às 20h (horário local) (15h, em Brasília), os colégios eleitorais receberam os eleitores a fim de escolher os 200 parlamentares independentes que formarão o novo Congresso dos Deputados. Foram convocados para renovar o parlamento um milhão e meio de líbios, frente aos 2,8 milhões registrados no censo eleitoral para o pleito de 2012.

Segundo afirmaram vários responsáveis de segurança a diferentes veículos de comunicação do país, o dia se desenvolveu com normalidade e com uma participação que, a três horas do fechamento dos colégios, se situava em torno de 38%, de acordo com dados da Comissão Eleitoral.

O presidente da Comissão Eleitoral, Emad al Saih, que qualificou o dia de hoje de histórico e adiantou em entrevista coletiva que espera-se que a participação acabe se situando em torno de 45%.

"Os líbios escreveram hoje um dos fixos da liberdade e a democracia e expressaram seu desejo de ter uma Assembleia Legislativa eleita que avanço com eles rumo a um futuro brilhante carregado de progresso e de estabilidade", ressaltou al Saih.

Em declarações a uma televisão local, o porta-voz do Ministério do Interior líbio, Rami Kaal, insistiu no "importante dispositivo de segurança" desdobrado em torno dos centros de votação, assim como nas entradas de várias cidades com problemas de segurança, entre elas Bengasi.

No entanto, nesta cidade, a segunda maior do país, pelo menos 25 agentes de segurança ficaram feridos em um ataque feito por homens armados da brigada islamita Rafala al-Sahati, informou a agência estatal "Libyan News Agency (WAL)". As vítimas pertenciam ao Escritório de Segurança Conjunta que participava do dispositivo de segurança desdobrado para garantir o bom andamento do dia.

A diretora do Centro Médico de Bengasi, Leila Kaikis, denunciou a um canal de televisão líbio a falta de meios e a superlotação dos hospitais da cidade, como consequência dos enfrentamentos intermitentes que são registrados há mais de um mês.

Segundo presidente da Comissão Eleitoral, vários problemas de segurança tinham obrigado o fechamento de dez colégios eleitorais na circunscrição de e em Al Yamil, em Trípoli, outro em Murzuq, no sudoeste do país, e outro em Sebha, ao nordeste de Marzuq. Ele informou que em um prazo de uma semana as eleições voltarão acontecer nas regiões onde não puderam ser concluídas.

Segundo a Comissão, que advertiu que estava unicamente capacitada para oferecer números oficiais, os resultados serão anunciados nos próximos dias.

Durante o dia, o primeiro-ministro do governo transitório, Abdullah al-Thanay, mostrou seu convencimento que os líbios "escolherão os melhores e mais capacitados para assumir a responsabilidade de administrar o país", que atravessa uma profunda crise de segurança, política e econômica.

Imerso no caos político e na insegurança cada vez maior, o país espera, mediante a renovação da Assembleia Legislativa, superar a profunda crise que atravessa e remontar a situação que ameaça a transição democrática iniciada há agora três anos. O parlamento está praticamente bloqueado desde fevereiro, devido às disputas entre as distintas correntes políticas.

Estes desencontros provocaram em menos de quatro meses a queda de três governos, que se mostraram incapazes de estender sua autoridade ou colocar um freio a cada vez maior insegurança vivida no país, onde muitas milícias surgidas durante o levantamento armado de 2011 impõem as próprias leis à margem do poder central.

Após depositar seu voto, o ex-primeiro-ministro líbio Ali Zidan, destituído em março acusado de incapacidade para fazer frente à degradada situação de segurança, mostrou seu desejo que a terceira etapa da transição, que começará com o novo parlamento, "avance rumo à estabilidade".