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Militares colombianos irão a Havana preparar fim do conflito contra as Farc

03/03/2015 22h47

Bogotá, 3 mar (EFE).- O governo colombiano está decidido a agilizar um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e, com esse propósito, uma comissão de altos oficiais das forças armadas apoiará a partir desta semana os negociadores na preparação do fim do conflito, confirmaram nesta terça-feira fontes oficiais.

Esta delegação de quatro generais e um contra-almirante se somará a uma subcomissão de caráter técnico criada em agosto do ano passado pelo governo colombiano para avançar no último ponto da agenda de diálogos, em paralelo às discussões sobre o tema de vítimas que se desenvolve atualmente.

A delegação, que viajará a Havana no mais tardar amanhã para começar seus trabalhos na próxima quinta-feira, é integrada pelos generais Martín Fernando Nieto e Alfonso Rojas Tirado (exército); Oswaldo Rivera (força aérea), Álvaro Pico (polícia) e o contra-almirante Orlando Romero (marinha).

Este grupo trabalhará sob o comando do general do exército, Javier Flórez, chefe do Comando de Transição criado no ano passado pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para preparar o país para passar da guerra à paz em um eventual pós-conflito.

"A presença de militares e policiais ativos em Havana é um reconhecimento ao trabalho das forças armadas na consecução da paz. É também uma forma de aproveitar seus conhecimentos na busca concreta de soluções para o término do conflito que nos aflige por mais de 50 anos", disse Santos hoje em mensagem aos militares.

A subcomissão de fim do conflito, integrada por dez delegados de cada parte, começou seus trabalhos no ano passado e os cinco altos comandantes que se somarão à equipe oficial estão convocados a reforçar a parte técnica, explicaram à Agência Efe fontes ligadas ao processo.

"Esta equipe trabalhará nas recomendações que as forças armadas farão ao governo na busca do fim do conflito e esperamos que seja bem-sucedida, como foram em todas seus missões", acrescentou Santos.

O chefe de Estado ressaltou que os generais e o almirante "não vão negociar", mas formarão uma equipe "que apoiará à mesa de conversas sobre a melhor maneira de organizar e tornar realidade a desmobilização, a reintegração e o cessar-fogo definitivo".

As Farc estão desde o dia 20 de dezembro do ano passado em um cessar-fogo unilateral e indefinido que reduziu notavelmente a intensidade do conflito armado colombiano e que deve se transformar em bilateral em algum momento do processo de paz.

A presença dos altos comandantes das forças armadas e da polícia em Havana para conversar tête-à-tête com líderes das Farc que combateram durante décadas gerou reações favoráveis e contrárias no país, mas os especialistas concordam que não há ninguém melhor que os militares para assessorar os negociadores em assuntos como a desmobilização de guerrilheiros.

O representante na Colômbia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Todd Howland, considerou hoje "muito propícia" a assessoria dos altos oficiais à subcomissão porque, na medida em que se avance rumo a um cessar-fogo bilateral, "pode acontecer uma mudança favorável em relação aos direitos humanos".

Os altos oficiais "se sentarão com quem combateram, com quem perseguiram em cumprimento de seu dever constitucional, mas desta vez utilizarão a força das ideias e dos argumentos para assegurar que o conflito termine como deve ser", assegurou Santos.

Para dissipar as críticas de setores da oposição que acusam o governo de desmotivar as forças armadas, o chefe de Estado afirmou em sua mensagem aos militares que estão perante um cenário da história nacional que "os enaltece" e que sua presença em Havana é sinal de "tranquilidade e confiança" para todos os colombianos.