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Presidente do Burundi demite 3 ministros em meio a novos protestos

18/05/2015 14h28

Bujumbura, 18 mai (EFE).- O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, anunciou nesta segunda-feira uma remodelação parcial de seu governo e demitiu os ministros de Defesa, Relações Exteriores e Comércio, que foram substituídos por pessoas de seu círculo de confiança após a tentativa de golpe de Estado da última quarta-feira.

A decisão foi divulgada poucas horas depois que, após cinco dias de relativa calma, milhares de pessoas saíram hoje de novo às ruas da capital do Burundi, Bujumbura, para protestar contra Nkurunziza por sua intenção de concorrer a um terceiro mandato.

A cassação do até agora chefe do Estado-Maior e ministro da Defesa, general Pontien Gaciyubwenge, poderia se dever a sua passividade durante as manifestações, já que ele sempre defendeu que o exército "deve se manter neutro", opinião que pode não ter agradado a Nkurunziza.

Gaciyubwenge será substituído por Emmanuel Ntahomvukiye, um antigo magistrado que dirigiu o Tribunal Anticorrupção, não tem filiação política conhecida e se tornou o primeiro civil à frente do Ministério da Defesa nos últimos 50 anos.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores, Laurent Kavakure, pode ter sido demitido por sua incapacidade de aplacar as críticas da comunidade internacional durante os protestos e será substituído por Alain Aimee Nyamitwe, neto de Willy Nyamitwe, um dos conselheiros presidenciais mais antigos e próximos a Nkurunziza.

A ministra de Indústria, Comércio e Turismo, Marie Rose Nizigiyimana, será substituída por Irina Inantore para tentar revitalizar a economia burundinesa, que vem sofrendo uma grande desaceleração.

No que diz respeito às manifestações, hoje não foram registrados incidentes graves apesar de a polícia ter feito disparos para o alto em várias ocasiões para dispersar os manifestantes que tentavam montar barricadas em alguns bairros da capital.

No dia 25 de abril, o CNDD-FDD anunciou que Nkurunziza disputaria o pleito presidencial de junho para tentar conseguir um terceiro mandato, apesar de a constituição do país limitar a dois períodos de cinco anos a duração máxima no cargo.

A decisão de manter sua candidatura desencadeou uma onda de violentos protestos nas quais morreram pelo menos 20 civis e 12 soldados golpistas, e que obrigou mais de 100.000 burundineses a abandonar o país.