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Centenas de pessoas vão a enterro de pai de bebê assassinado na Palestina

Palestinos carregam o corpo de Saed Dawabsheh durante seu funeral em Duma - Majdi Mohammed/AP
Palestinos carregam o corpo de Saed Dawabsheh durante seu funeral em Duma Imagem: Majdi Mohammed/AP

Em Duma (Cisjordânia)

08/08/2015 11h28

Centenas de palestinos da cidade de Duma acompanharam neste sábado o enterro de Said Dawabsha, pai do bebê assassinado na semana passada em um violento ataque de extremistas judeus que atearam fogo a sua casa, e que também morreu devido à gravidade de seus ferimentos.

Militares israelenses monitoravam em cerca de 20 viaturas a entrada da cidade, aonde o corpo de Dawabsha, de 32 anos e que sofreu no ataque queimaduras de segundo grau em 80% do corpo, chegou no início da tarde.

Centenas de jovens receberam o corpo em meio a lágrimas e gritos de "Alahu Akbar" ("Alá é grande"), enquanto agitavam bandeiras do partido nacionalista Fatah e do movimento islamita Hamas, assim como a insígnia palestina.

Forças de segurança palestinas ficaram a postos para evitar distúrbios, o que não impediu que alguns jovens queimassem pneus em sinal de protesto na entrada da cidade.

"O povo de Duma lutará contra os atos dos colonos com todos os meios que a legislação internacional prevê aos palestinos que vivem sob a ocupação. E também vamos nos vingar militarmente e utilizaremos meios da resistência popular", disse à Agência Efe Fouad khader, morador da cidade e que foi ao funeral.

Dawabsha era atendido há uma semana no Centro Médico Soroka, na cidade israelense de Bersheva. Já sua mulher, Rihan, de 27 anos, e o outro filho do casal, Ahmed, de quatro anos, estão sendo tratados no hospital Tel Hashomer, em Tel Aviv.

A mulher sofreu queimaduras de terceiro grau em 90% do corpo e respira com a ajuda de aparelhos, e o menino teve queimaduras de segundo grau em 60% do corpo.

Ali, de 18 meses, morreu queimado no incêndio à casa da família, provocado supostamente por dois colonos extremistas judeus que lançaram um coquetel molotov durante a madrugada de 31 de julho.

O fato comoveu a sociedade israelense, que reagiu com concentrações em Tel Aviv, Jerusalém e Haifa para mostrar sua rejeição à violência extremista.

O governo israelense condenou o assassinato com rigor e o classificou como "terrorismo judeu", enquanto as autoridades palestinas responsabilizaram diretamente a administração de Benjamin Netanyahu por, a seu entender, permitir durante anos a impunidade dos ataques de colonos radicais contra a população palestina.