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Direção do Partido Socialista português aprova acordo de governo com esquerda

09/11/2015 08h48

Lisboa, 9 nov (EFE).- A Comissão Política do Partido Socialista português (PS) respaldou por grande maioria o acordo alcançado com a extrema esquerda para tentar formar governo, decisão que depende unicamente do presidente, Aníbal Cavaco Silva.

Com 69 votos a favor e 5 contra, a direção do PS aprovou o pacto alcançado com o marxista Bloco de Esquerda (BE) e com o Partido Comunista (PCP) após uma longa reunião que acabou na madrugada desta segunda-feira.

"Estão criadas as condições para a formação de um governo com o apoio parlamentar majoritário do parlamento", defendeu Antonio Costa, líder do PS.

Apesar de ficar em segundo nas eleições legislativas de 4 de outubro (com mais de 32% dos votos, seis pontos a menos que o candidato conservador), o que ex-prefeito de Lisboa tem opções de liderar o Executivo porque seu rival perdeu nas urnas a maioria absoluta e da assinatura de um acordo com o BE e o PCP que era inimaginável há algumas semanas.

Para isso, os três partidos já anunciaram que votarão na terça-feira a favor de uma "moção de rejeição" no parlamento contra o atual governo de centro-direita liderado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que tomou posse há apenas dez dias, o que automaticamente provocaria sua destituição.

Nesse caso, todos os olhares voltariam a se dirigir ao chefe do Estado, o conservador Aníbal Cavaco Silva, a quem a Constituição portuguesa dá a responsabilidade de escolher quem encarregará da formação de governo.

Cavaco Silva deveria escolher entre dar o Executivo aos socialistas, deixar Passos Coelho interino até a convocação de novas eleições (não poderiam ser antes de junho de 2016) ou apostar por um governo de "iniciativa presidencial", formado por independentes de diferentes tendências escolhidos por ele.

Desde o PS, os membros insistiram que o acordo com a extrema esquerda é firme e garante "a formação de um governo socialista com o programa aprovado pela Comissão Nacional, a existência de condições de estabilidade na perspectiva de toda a legislatura e a existência de condições de governabilidade com a apreciação conjunta dos Orçamentos do Estado".

Este último ponto, no entanto, é visto por alguns socialistas críticos com este pacto com preocupação, já que na sua opinião as três forças se comprometem unicamente a se consultar para aprovar os Orçamentos, sem dar garantias de sua aprovação.