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Advogado chinês Pu Zhiqiang é condenado à prisão, mas tem pena suspensa

22/12/2015 01h53

Pequim, 22 dez (EFE).- O conhecido advogado de direitos humanos chinês Pu Zhiqiang foi condenado nesta terça-feira à três anos de prisão sub sursis (pena suspensa) por "incitação ao ódio étnico" e "provocação de distúrbios", por causa de sete comentários irônicos que publicou em uma rede social, segundo a rede de televisão oficial da China "CCTV".

Pu recebeu a sentença pouco depois das 10h (horário local, 0h em Brasília) no Juizado Intermediário Número 2 de Pequim, em cujas imediações havia uma forte presença policial que retirou à força vários ativistas que foram ao local mostrar seu apoio ao advogado e bloqueou a imprensa presente.

Aos 50 anos, Pu, que foi advogado de Ai Weiwei e uma das figuras mais visíveis da luta pelas liberdades na China, recebeu sua sentença após ser detido em maio de 2014, depois de participar de um encontro para comemorar o 25º aniversário do massacre de Praça da Paz Celestial, e julgado na segunda-feira da semana passada em Pequim.

O advogado pode ser posto em liberdade em breve, já que passou 19 meses detido antes do julgamento, por isso que poderia cumprir o resto da sentença fora da prisão, segundo publicou o jornal "South China Morning Post", de Hong Kong.

A pena é significativamente menor que a máxima de 17 anos de prisão que poderiam ter somado os dois delitos, e responde ao pedido da Promotoria de uma sentença "leve" na segunda-feira passada.

No entanto, o investigador da China da Anistia Internacional, William Nee, disse em comunicado que, embora "seja claramente positivo que Pu Zhiqiang seguramente não passe outra noite na prisão, isso não pode ocultar que se trata de uma grosseira injustiça contra ele".

Pu admitiu aos juízes na segunda-feira passada que tinha mandado as sete mensagens, mas "pediu desculpas caso estas tivessem prejudicado alguém" e expressou sua esperança de que fosse emitido um veredicto "razoável".

Nele criticou, entre outras coisas, o tratamento do regime às minorias muçulmanas no país e falou de suposto nepotismo em favor do comandante Mao Xinyu, único neto do fundador do regime, Mao Tsé-tung, quase sempre usando um tom irônico.

Graduado em História pela Universidade de Nankai (Tianjin, norte da China), Pu começou seu ativismo político no final dos anos 80, ao participar dos protestos pró democracia de 1989, que o regime reprimiu com o famoso massacre de Praça da Paz Celestial, em 4 de junho daquele ano.

Após aqueles fatos, Pu deu um rumo diferente a sua vida e obteve em 1991 o título de Direito na Universidade de Ciências Políticas e Leis de Pequim.

Como advogado, é especialmente conhecido por ter representado o artista dissidente Ai Weiwei em 2011, e também por assumir esse ano a defesa de um caso que dentro da China chamou muito mais a atenção: o de Tang Hui, que tentava conseguir justiça para sua filha.

Com ajuda do advogado, a mãe conseguiu que a sentença contra sua filha, condenada a um campo de reeducação por protestar após ter sido estuprada e obrigada a se prostituir sendo menor, não só fosse retirada, mas que os apelos para abolir estes campos aumentassem. O regime comunista suspendeu-os um ano depois.