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Presidente da Itália pretende formar governo antes de convocar novas eleições

10/12/2016 20h04

Laura Serrano-Conde.

Roma, 10 dez (EFE).- O presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou neste sábado que refletirá nas próximas horas para formar um governo o mais rápido possível e que seja capaz de aplicar uma lei eleitoral que permita realizar novos pleitos após a renúncia de Matteo Renzi como primeiro-ministro.

Mattarella realizou nos últimos dias uma série de consultas com as distintas forças políticas para solucionar a crise política depois que Renzi renunciou em decorrência do fracasso no referendo sobre a reforma constitucional de 4 de dezembro.

Em entrevista coletiva realizada ao término das consultas, Mattarella comentou que refletirá nas próximas horas e, em seguida, tomará "as decisões oportunas para solucionar a crise de governo".

Em sua opinião, a Itália necessita constituir um "governo o mais rápido possível" que assuma responsabilidades "de caráter interno, europeu e internacional".

Entre estes compromissos, o novo Executivo deverá trabalhar para aplicar uma lei eleitoral que homogeneíze o sistema que existe atualmente para ambas câmaras, uma condição que considerou "indispensável para a realização de eleições".

Na Itália atualmente regem duas leis eleitorais, uma para a Câmara dos Deputados e outra para o Senado, e a que afeta à câmara alta, que foi proposta por Renzi, foi declarada em parte constitucional, razão pela qual muitos consideram necessário impulsionar uma que homogeneíze o sistema.

Mattarella deu por finalizadas hoje as consultas após dois dias e meio nos quais recebeu no Palácio do Quirinale representantes de todo o espectro político.

O encarregado de encerrar este calendário foi o Partido Democrata (PD), atualmente no governo italiano, que transferiu ao presidente da República seu desejo de que se forme um "Executivo de responsabilidade nacional" que conte com a maior participação possível das forças políticas no parlamento.

Também hoje foi a vez de forças como o Movimento Cinco Estrelas (M5S), do comediante Beppe Grillo; Forza Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e o Novo Centro-Direita, liderado por Angelino Alfano e parceiro de governo do PD.

O M5S solicitou a Mattarella que sejam convocadas eleições imediatamente e ressaltou que Renzi não foi eleito nas urnas, motivo pelo qual qualquer governo que se sustente com um substituto do político florentino "não terá nascido por vontade popular", segundo Giulia Grilo, integrante desse movimento.

Por sua parte, Berlusconi, do Forza Itália, defendeu "a aprovação de uma lei eleitoral compartilhada" por todas as forças parlamentares que permita "aos italianos expressar-se com o voto e decidir quem quer que lhes governe".

"Não vamos respaldar um governo de longa duração. A grave situação econômica do país, o alto desemprego, as difíceis relações com Bruxelas são grandes temas que requerem novas eleições para constituir um governo estável e legitimado pelos italianos", opinou Berlusconi.

Finalmente, o Novo Centro-Direita repassou a Mattarella a "disposição para formar um governo de responsabilidade comum, que conte com a participação de todas as forças políticas possíveis", segundo declarou Alfano, atual ministro do Interior.

"É necessário um Executivo que se encarregue de aprovar uma lei eleitoral que permita as eleições, mas também que lide com o desafio econômico que afeta tantos cidadãos italianos", completou.

Alfano se referiu à situação do banco toscano Monte dei Paschi di Siena, que se encontra em processo de recapitalização para o qual necessita captar 5 bilhões de euros por investimento privado antes do final de mês, soma que está, por enquanto , longe de arrecadar.

O presidente da República italiana se concentrará nas próximas horas com a intenção de pôr fim à situação de incerteza política no país.

Sua intenção é formar um governo que continue um tempo com a legislatura até que se implemente uma nova lei eleitoral e que seja capaz de tramitar compromissos de relevância internacional que o país tem no próximo ano.

Entre estes se encontram o 60º aniversário da assinatura do Tratado de Roma e a cúpula dos chefes de Estado e de governo do G7 mais os presidentes da Comissão e do Conselho Europeus, em maio na cidade siciliana de Taormina.

Entre os nomes que os analistas cogitam para ocupar o cargo de primeiro-ministro se encontram o dos titulares das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, e de Economia, Pier Carlo Padoan.