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Mais da metade dos tatus na Amazônia brasileira sofre de hanseníase

28/06/2018 17h10

Washington, 28 jun (EFE).- Mais da metade dos tatus que habitam a Amazônia brasileira é portadora de hanseníase, um risco grande para a população humana dessa região, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira na revista especializada "PLOS".

A nova análise da Universidade Estadual de Colorado (EUA) determinou que 62% dos tatus que vivem no estado do Pará deram positivo para bactéria da hanseníase.

Outros estudos apontaram que a transmissão da Mycobacterium leprae de tatus para humanos ocorre no sul dos Estados Unidos, mas até agora não foi verificada no Brasil.

A hanseníase é uma doença infecciosa que afeta de dois a três milhões de pessoas no mundo, de acordo a dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essa doença afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, a mucosa das vias respiratórias e os olhos e, se não for tratada, pode causar lesões progressivas e permanentes.

Na região da Amazônia brasileira é habitual que os residentes cacem tatus como fonte dietética de proteína, uma atividade que aumenta o risco de contágio desta doença crônica.

Para saber o alcance da propagação em humanos, o autor do estudo, John Spencer, e sua equipe, examinaram os habitantes da cidade Belterra, no Pará.

Das 146 pessoas examinadas, sete pacientes foram diagnosticados com hanseníase.

Além disso, 92 pessoas, ou seja, 63% do total, tinham níveis positivos do anticorpo contra a hanseníase, o que sugere a exposição à bactéria.

Aqueles que consumiram carne de tatu com maior frequência tinham níveis mais altos de anticorpos do que os demais.

"Dado que há muitos tatus nas áreas rurais do Brasil e que a nova taxa de detecção de casos em humanos foi considerada hiperendêmica nessa região, é muito provável que a introdução da lepra em tatus devido às interações com humanos infectados não seja um evento recente", concluiu Spencer.