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Sudão do Sul: país mais novo do mundo tem mais de 2 milhões de deslocados

Lynsey Addario/The New York Times
Imagem: Lynsey Addario/The New York Times

Leda Letra

Da Rádio ONU, em Nova York

07/07/2015 15h49

País completa quatro anos de independência quinta-feira, 9 de julho; segundo agência das Nações Unidas, número de refugiados e desalojados na nação africana continua aumentando; nesta terça-feira, missão da ONU condenou a morte de uma pessoa em um de seus locais de proteção de civis.

Na quinta-feira (9), o Sudão do Sul completa quatro anos de independência. Mas o total de refugiados e desalojados no país mais novo do mundo continua aumentando.

Os dados são da Acnur (Agência da ONU para Refugiados). Mais de 730 mil pessoas fugiram para países vizinhos e 1,5 milhão de sul-sudaneses abandonaram suas casas e agora vivem deslocados em outras regiões do país.

Violência

Ao mesmo tempo, o Sudão do Sul continua recebendo refugiados do Sudão: mais de 250 mil pessoas, que deixaram principalmente os Estados do Nilo Azul e Kordofan Sul.
O Acnur lembra que a "guerra civil e a violência começaram em dezembro de 2013". Esforços políticos para acabar com o conflito não deram resultado.

Nas últimas semanas, a agência observou o aumento da violência nos Estados de Unidade e Alto Nilo, sendo que fortes combates forçaram milhares de sul-sudaneses a fugir para matas ou áreas de difícil acesso para entrega de ajuda humanitária.

Mulheres e crianças

O Acnur destaca que os países vizinhos ao Sudão do Sul mantêm suas fronteiras abertas e 90% dos refugiados são mulheres e crianças. Todos os dias chegam à Etiópia cerca de 180 sul-sudaneses e o país já abriga 275 mil.

O Sudão abriga 188 mil refugiados da nação vizinha, que juntaram-se a 350 mil sul-sudaneses que preferiram permanecer no Sudão mesmo após a independência.

Ajuda humanitária

Uganda e Quênia são as outras nações que mais recebem civis do Sudão do Sul, de acordo com o Acnur. Falta dinheiro para os programas de assistência e a agência da ONU está pedindo US$ 810 milhões para poder proteger os refugiados sul-sudaneses.

As prioridades são fornecer abrigo e serviços básicos, como saúde, água e comida. Cerca de 60% das crianças refugiadas não têm acesso ao ensino primário e apenas 15% dos adolescentes estão frequentando escolas.

Proteção de civis

Nesta terça-feira (7), a Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, condenou "de forma veemente" a morte de um deslocado interno em um de seus "locais de proteção de civis", em Bentiu.

Este é o segundo ataque desse tipo no país em menos de uma semana. Um deslocado interno foi morto a tiros e outros seis ficaram feridos em outro complexo da ONU, em Malakal, na semana passada.

A Unmiss declarou que qualquer ataque a um local de proteção de civis representa um ataque direto às Nações Unidas e "pode constituir crime de guerra".

Cerca de 120 mil sul-sudaneses estão abrigados em complexos da ONU. A Organização calcula que o número de pessoas que precisam de ajuda em 2015 deve incluir quase 2 milhões de deslocados internos e cerca de 293 mil refugiados.