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Para novo ministro Teori, STF vive exposição excessiva na mídia

Juliano Basile

27/11/2012 17h13

Para o ministro Teori Zavascki, o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma Corte com exposição excessiva, o que se agravou com o julgamento do mensalão.

"Eu posso estar enganado, mas o excesso de exposição não colabora", afirmou Teori, que vai tomar posse no STF, na próxima quinta-feira. "Eu não sou contrário à publicidade dos atos do Judiciário. Eles são públicos até por imposição constitucional. Mas entre a publicidade e a exposição há um meio do caminho", completou o ministro que atua no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ele avaliou que o julgamento do mensalão influenciou na "visibilidade do Judiciário e do STF em função da exposição na televisão". As sessões do STF são transmitidas pela TV Justiça e, segundo Teori, o juiz, em muitas vezes, tem que tomar decisões impopulares.

"O papel do juiz é fazer juízo sobre a legitimidade em face de normas. É complicado avaliar que o juiz possa saber qual a opinião do povo. Se fossemos julgar pela vontade popular não teríamos como aplicar muitas leis, inclusive, em matéria penal", disse o ministro, advertindo que a vontade do povo poderia levar à pena de morte.

"O juiz, às vezes, tem que tomar decisões impopulares. Quem tem que aferir a vontade do povo é quem faz as leis", concluiu, ressaltando que esse papel é do Congresso.

Uma das características de Teori que favoreceu a sua nomeação foi a discrição. A presidente Dilma Rousseff quer ministros de perfil discreto para o STF, menos afeitos à mídia, e indicou Teori para a vaga que foi aberta com a aposentadoria do ministro Cezar Peluso, após verificar nele essas qualidades.

"Eu prefiro dar publicidade aos meus atos do que às minhas palavras", disse Teori. Por outro lado, ele elogiou a postura de ministros mais afeitos à mídia, como Luiz Fux, que tocou guitarra na festa da posse de Joaquim Barbosa na Presidência do STF, na última quinta-feira. "Fux é um grande guitarrista. Conheci-o quando tocava e usava rabo de cavalo. Mas eu acho que não vou precisar mudar a minha conduta."