Saída do Reino Unido da UE abalaria o bloco, mas também o apoio escocês
A reeleição de David Cameron na direção do governo do Reino Unido deu lugar a várias constatações interessantes. De início, assinale-se o enorme furo das sondagens. Os institutos de sondagem haviam anunciado, na véspera da eleição da semana passada, um resultado que beirava um empate entre trabalhistas e conservadores, apontando provável formação de um governo de coalizão entre um dos dois grandes partidos e partidos menores.
O resultado desmentiu todos os prognósticos, com o partido conservador obtendo uma ampla vitória absoluta que lhe permite governar sozinho.
Os institutos de sondagem confundem-se em explicações e um especialista da Universidade de Londres sugeriu algumas hipóteses sobre os erros. De todo modo, as eleições do último dia 7 já integram a lista dos grandes erros das previsões eleitorais, como a reeleição folgada de Obama em 2012 ou nas eleições de março em Israel, vencidas por Netanyahu com boa vantagem de votos.
Outro ponto importante é o embate sobre o referendo de 2017, agora confirmado com a vitória de David Cameron, a respeito da saída do Reino da Unido da União Europeia.
O 'Guardian' acaba de publicar um dossiê muito completo sobre o assunto, mostrando as possíveis mudanças internas e internacionais eventualmente geradas pela saída do Reino Unido da UE, o 'Britain exit' ou Brexit.
As conclusões apresentadas são claras em alguns tópicos: haverá uma queda no PIB do Reino Unido e a importância internacional do país irá diminuir.
Embora estejam sendo olhadas agora com mais desconfiança, as sondagens dos últimos dois anos não apontam nenhuma evolução notável na opinião britânica sobre a UE: a maioria dos eleitores prefere permanecer no bloco, mas deseja que Londres tenha mais autonomia com relação à Bruxelas, ou seja, que o Reino Unido receba de volta a parte da soberania cedida às instituições europeias, desde sua adesão em 1973.
Contudo, o Reino Unido está agora associado a 27 outros países, os quais, na sua maioria, temem que concessões excessivas a Londres acabem por descosturar todo o tecido institucional da UE e suscitar a saída de outros países membros. Tal é a posição da Alemanha e da França, os dois pilares da União Europeia, que confirmam sua hostilidade, já explicitada por Angela Merkel, às manobras de Cameron.
Segundo os especialistas, o referendo pode impactar também a coesão do próprio Reino Unido. De fato, as eleições consolidaram a emergência política do nacionalismo escocês, provisoriamente derrotado em setembro de 2014 pela maioria dos eleitores que preferiram manter a Escócia no Reino Unido.
Agora, o partido nacionalista escocês obteve 56 dos 59 postos de representantes (deputados) que a Escócia envia ao parlamento de Londres.
Notoriamente pro-europeus, os escoceses podem de novo questionar sua adesão ao Reino Unido se Londres tomar a decisão de sair do bloco na sequência de um voto favorável no referendo de 2017. Ou seja, caso chegue a seu termo, o Brexit pode descosturar a União Europeia e o Reino Unido, levando de roldão os dois agregados políticos.
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