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PF apreende celulares de membros da PRF por suspeita de versão combinada

A Polícia Federal realizou a apreensão de telefones celulares de dirigentes da Polícia Rodoviária Federal após detectar indícios de que eles teriam combinado versões nos depoimentos prestados nesta semana, com o objetivo de blindar o ex-diretor da corporação Silvinei Vasques. O objetivo é verificar nos aparelhos se houve efetivamente diálogos e trocas de mensagens para combinar as versões e buscar detalhes sobre uma reunião que orientou as blitze no segundo turno das eleições.

Entenda os passos da investigação:

  • Silvinei foi preso preventivamente na última quarta-feira (9). Naquele mesmo dia, a PF colheu depoimentos de cerca de 50 dirigentes da PRF da gestão anterior, que teriam participado de uma reunião para planejamento da realização de blitze no segundo turno.
  • Essas blitze dificultaram a participação de eleitores em regiões onde o petista Luiz Inácio Lula da Silva tinha mais votos.
  • A PF obteve indícios de que, nessa reunião, Silvinei teria traçado um direcionamento político na ação da corporação com o objetivo de favorecer o candidato Jair Bolsonaro, seu aliado.

Os novos depoimentos:

  • Diversos dirigentes ouvidos em depoimento na quarta-feira (9), de acordo com fontes que acompanham a investigação, relataram que não se lembravam dos temas tratados na reunião convocada por Silvinei.
  • Diante da suspeita de omissões, os investigadores decidiram apreender aparelhos celulares desses integrantes da PRF. O objetivo seria buscar diálogos sobre uma eventual combinação de versões para os depoimentos, com o objetivo de atrapalhar a investigação.
  • Caso a apuração obtenha elementos indicativos de que eles mentiram, os integrantes da PRF poderão responder por crimes como falso testemunho ou obstrução de Justiça.
  • Na fase inicial da investigação, a PF já havia começado a suspeitar de contradições e omissões nos depoimentos dos dirigentes da PRF. Foi graças a isso que a investigação colheu elementos mais concretos sobre os desvios na operação das eleições.
  • Ao ouvir no fim do ano passado o ex-coordenador de análise de inteligência da PRF Adiel Alcântara, e a ex-chefe do serviço de análise de inteligência Naralúcia Dias, investigadores decidiram apreender seus celulares para verificar a veracidade dos seus relatos.
  • Foi nos diálogos de celular que a PF detectou os indícios mais robustos de irregularidades na reunião. Em mensagens, Adiel afirmou a um colega que Silvinei "disse muita merda" e citou ordem para "policiamento direcionado".

OUTRO LADO

A reportagem telefonou para a defesa de Silvinei Vasques, mas não obteve retorno.

Após o depoimento do ex-diretor da PRF, o advogado Eduardo Simão afirmou na quinta-feira que seu cliente não cometeu irregularidades no cargo e descartou a possibilidade de ele realizar um acordo de delação premiada.

Simão disse que a orientação dada por Silvinei sobre o segundo turno era para fiscalizar crimes eleitorais, independentemente do partido político envolvido.

O UOL não conseguiu contato com as defesas dos dirigentes ouvidos pela Polícia Federal.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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